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O avanço mais forte das importações não impediu que o saldo da balança comercial crescesse no primeiro semestre. A diferença entre o valor exportado e importado ficou positiva em US$ 20,662 bilhões, com aumento de 5,7% sobre os primeiros seis meses de 2006.

Isso ocorreu porque, apesar de mais lento, o crescimento das exportações foi robusto, chegando a quase 20%. E, embora o mercado espere que o saldo feche o ano em US$ 42,2 bilhões, com queda de 9% em relação ao ano passado, economistas não se mostraram surpresos com o crescimento verificado até junho.

O problema, segundo eles, está nos fatores que causaram o aumento das exportações. Beneficiadas pelo aumento dos preços internacionais, commodities como minério de ferro, petróleo e soja continuam elevando sua participação na pauta e ocupando o espaço de produtos industrializados. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a venda de produtos básicos cresceu 31,3%, quase o dobro do avanço dos manufaturados.

"Neste cenário de dólar desvalorizado, estão sendo beneficiadas apenas as categorias menos nobres, com baixo nível de industrialização. Com isso, a composição da pauta brasileira está se alterando de forma pouco positiva", avalia Robson Gonçalves, professor de Economia Aplicada do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (Isae/FGV).

O diretor da Estação-Ibmec Business School, Judas Tadeu Grassi Mendes, acrescenta que, além da demanda internacional por commodities, outro fator que estaria sustentando as exportações brasileiras seria o "salto qualitativo" vivido pela indústria nacional nos primeiros quatro anos de Plano Real, quando a cotação do dólar manteve-se próxima de R$ 1. "Muitas empresas aproveitaram esse período para importar maquinário mais moderno, aumentando a produtividade e reduzindo custos. Se ainda exportam com o câmbio abaixo de R$ 2, é porque estão mais competitivas."

Para Mendes, com o dólar baixo, o normal seria que as importações crescessem muito mais. "A importação só não explode porque o crescimento econômico do Brasil é menor que a média mundial. A demanda interna ainda é baixa."

Gonçalves, do Isae/FGV, acredita que o aumento da importação de bens de consumo – categoria que teve o maior incremento, de 34,3% no semestre – seja um reflexo da expansão do consumo das famílias. "Vemos consumo em alta e inflação em baixa. É sinal de que a oferta de importados está segurando os preços no Brasil", diz.

O economista diz que, embora tenha ficado abaixo do crescimento médio das importações, o avanço de 24% nas compras de bens de capital (máquinas e equipamentos) é um bom sinal, pois indica que setores industriais podem estar aproveitando a baixa cotação do dólar para se modernizar, como ocorreu na década de 90.

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