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Um sinal da paralisia que atingiu o setor de etanol é a falta de notícias sobre aquisições e fusões. A consultoria KPMG calcula que o ritmo de negócios, que variava entre cinco e dez ao ano entre 2001 e 2006, foi de 25 em 2007 e 14 em 2008 – queda que já reflete a crise. Em 2009, foram apenas duas aquisições até maio. "As empresas ficaram em situação bastante delicada e o mercado deu uma parada", afirma André Castello Branco, sócio responsável pelo setor de etanol da KPMG.

Os dois negócios concluídos neste ano foram a aquisição de 40% da Santelisa Vale pela francesa Louis Dreyfus Commodities e a compra da Nova América pela Cosan, que ser firmou como líder do setor. Castello Branco avalia que o setor continua pulverizado e que negócios desse tipo aparecerão quando as empresas com melhor gestão voltarem a investir. "Há usinas sem caixa ou em recuperação judicial, muitas delas não têm saída a não ser a venda para um grupo maior", diz. Companhias como a multinacional Infinity Bio-Energy, a mato-grossense Alcopan e a paulista Albertina estão em recuperação judicial.

No Paraná, o último negócio foi a compra da usina da Coocarol pela São Tomé, no ano passado. A crise também parou a construção de novas usinas, segundo maior produtor do combustível no país. Segundo Anísio Tormena, presidente da Alcopar, há seis projetos no estado. Alguns tinham a perspectiva de começar a operar entre 2009 e 2010, mas agora estão na geladeira. "Acredito que haverá expansão na capacidade de produção, porque ainda há potencial a ser explorado. Só que vai demorar um pouco mais."

A saída para parte das usinas tem sido produzir mais açúcar. Cerca de 60% das plantas de etanol também fabricam açúcar e, por isso, têm certa flexibilidade na alocação da cana colhida. "Elas têm uma margem de 10% a 15% para aumentar a oferta de um produto e para diminuir a de outro", explica Tormena. Como houve quebra na safra indiana de açúcar, o preço da commodity subiu e tem dado retornos melhores do que o álcool.

Janelas

A flexibilidade das usinas, porém, não é uma alternativa à criação de um mercado internacional mais estável que garanta a expansão do setor. "O Brasil depende muito de janelas de oportunidade para vender etanol lá fora. Foi assim em 2006, quando os EUA aumentaram a meta para o uso de biocombustíveis, e em 2008, quando o preço do petróleo disparou", comenta Geraldine Kutas, assessora internacional da Unica. "Agora estamos em um período sem janelas que atrasa os planos do setor."

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