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Nossa viagem pelos países classificados à Copa do Mundo acaba na Alemanha, a sede do mundial. Por três semanas a Gazeta do Povo Online trouxe relatos de brasileiros no exterior na época da Copa. Cada um traduziu um pouco da cultura destes diferentes povos que, no mundo da bola, falam o mesmo idioma. A nossa última história chega enfim ao país da Copa do Mundo, para onde se voltam todas as atenções no próximo mês.

Susane Kawase Seitz foi para Alemanha em 1998 para a aprender o idioma alemão em um ano. Mas o que era para ser uma curta passagem virou trabalho e residência fixa. Morando em Munique, Susane dá aulas de Inglês empresarial numa escola de idiomas e é gerente assistente em um pub irlandês, onde tem contato com turistas do mundo todo. Na Copa do Mundo, Munique e toda a Alemanha estarão em festa; a brasileira vai engordar a já grande torcida pela seleção canarinho. No país da Copa, o último relato é seu Susane:

"A Copa do Mundo está vindo para a Alemanha, e a diferença por aqui é notável. Há bandeiras dos diversos países participantes da Copa espalhadas pela cidade, especialmente nos restaurantes e cafés. No centro da cidade tem uma bola de futebol enorme e um relógio fazendo a contagem regressiva até a abertura da Copa. Muitas lojas apresentam os artigos futebolísticos em suas vitrines (e na maioria delas, a camisa amarelinha); os jogadores da seleção alemã são garotos-propaganda de diversos produtos – comerciais de tv, outdoors...

Mas futebol por aqui não é como no Brasil, apesar de ter a sua legião de fãs e seguidores, não é uma paixão nacional. Há pessoas que simplesmente não gostam de futebol e não estão nem aí com o que está acontecendo. Há inclusive certos restaurantes e bares que prometem uma atmosfera ‘football free’ para aqueles que querem fugir da febre futebolística que pouco a pouco vai tomando conta do país. Aqui há sempre muito turista, mas eles estão chegando aos poucos por causa da Copa. Não esqueçam que Munique é a capital da cerveja, e sede do maior festival do mundo, a Oktoberfest. Todo ano, durante 16 a 18 dias, a cidade enche de milhões de turistas do mundo inteiro.

Por causa da história, alguns alemães não se sentem confortáveis com a idéia de patriotismo. Em tempos normais, muito raramente é possível encontrar alemães vestindo camisetas com ‘Deutschland’ (‘Alemanha’ em alemão) escrito no peito ou mesmo bandeiras alemãs penduradas nas portas e janelas de suas casas, como costumam fazer as pessoas em outros países. A Copa é uma oportunidade para eles vestirem a camisa do país, sem preocupações. Uma demonstração de ultranacionalismo não é visto com bons olhos nesta parte do mundo.

Há mais de seis anos eu trabalho como assistant manager em um pub, onde jogos esportivos são mostrados ao vivo em telões e televisões espalhadas no local. Durante campeonatos – principalmente Ligas dos Campeões, Eurocopas e Copas do Mundo – o local fica incrivelmente lotado com pessoas de praticamente todas as nacionalidades. Na Copa de 2002 eu estava trabalhando, inclusive no dia em que o Brasil jogou contra a Inglaterra, quando eu era a única brasileira entre mais de 300 ingleses. Nunca me senti tão sozinha como no final do jogo. Além de não ter ninguém com quem comemorar, as gorjetas foram terríveis (risos). Na final contra a Alemanha eu não trabalhei e pude comemorar a vitória com milhares de pessoas, dentre eles brasileiros e alemães, que transformaram as ruas da cidade numa grande festa. Havia um certo respeito, como se ‘perder para o Brasil é aceitável’.

Ainda assim, assistir a uma Copa no exterior não é a mesma coisa que assistir no Brasil. Em 1994 eu vi a final Brasil e Itália na Itália. Em 2002 (Brasil e Alemanha) na Alemanha. Em 1998 eu estava no Brasil, e perdemos a final contra a França. Tudo por acaso. Aliás, após a final de 2002 tive a experiência de virtualmente conhecer alguns brasileiros que resolveram que a melhor forma de comemorar o pentacampeonato foi entrar na internet e escrever mensagens de abuso para os alemães. Eu recebi algumas mensagens, pois eles não sabiam que eu sou brasileira. Triste ver que certas pessoas escolhem esta maneira para celebrar, tentando humilhar o oponente após a derrota.

No dia da final daquela Copa, os alemães foram extremamente receptivos e cordiais após a derrota. Eles beijaram a minha bandeira, até pegaram-na emprestada e a carregaram com orgulho. Eu recebi mensagens do pessoal da faculdade me dando os parabéns. No dia seguinte, quando fui a uma impressora pegar uns trabalhos, o dono da loja fez questão de vir e abrir a porta para mim (eu estava usando a camisa do Brasil), com o comentário ‘tenho que deixar o campeão do mundo entrar’.

Para esta Copa eu ainda não tenho planos concretos. Vai ser como das outras vezes, tudo por acaso. Infelizmente está impossível conseguir ingressos para o jogo. O jeito vai ser ir às ruas e, se tudo der certo, comemorar a final e o hexacampeonato do Brasil."

Leia a matéria anterior: Torcida dos Reds esperam vitórias do time coreano.

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