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Subestação da Copel: expansão da rede está ajudando a reduzir a vulnerabilidade do sistema, segundo estatal | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
Subestação da Copel: expansão da rede está ajudando a reduzir a vulnerabilidade do sistema, segundo estatal| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Causas

Árvores são as grandes vilãs

Segundo a Copel, metade dos desligamentos de energia é provocada por árvores – ou pelo toque de galhos molhados em cabos elétricos, formando curto-circuitos, ou pela queda de árvores inteiras sobre a rede.

Uma das formas de se minimizar esse tipo de ocorrência é a adoção das "redes compactas", que têm cabos protegidos – os cabos convencionais são "nus", desencapados. O sistema, no entanto, custa de três a quatro vezes mais. "Todas as ligações novas têm sido feitas com redes compactas, e eventualmente fazemos substituições. Hoje 6% de nossa malha é de rede compacta, mas queremos chegar a 12% até o fim de 2011", diz o diretor de distribuição da companhia, Ronald Ravedutti.

A medida mais simples, no entanto, é a poda correta das árvores. O serviço é feito em parceria entre a Copel e os municípios. Aí, no entanto, reside um problema, admitido por Ravedutti e pelo secretário de Meio Ambiente de Curitiba, José Antônio Andreguetto. Para a cidade (e o cidadão), interessam árvores maiores, mais frondosas e menos podadas; para a distribuição de energia (e o consumidor), o ideal é o oposto. "Não é fácil conciliar. Solução, mesmo, é enterrar toda a rede elétrica", diz Andreguetto. "Mas a Copel vai alegar, com razão, que é inviável."

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula o setor, afirmaram ontem que as metas de qualidade do serviço de distribuição de energia são rígidas e vêm sendo aprimoradas. Na Gazeta do Povo de ontem, consultores afirmaram que a suposta "frouxidão" dessas metas teria desestimulado o investimento em segurança das redes e, por isso, estaria entre os culpados pelos blecautes que vêm afetando várias cidades do país."As metas não são frouxas. Em 2002, o consumidor da Copel podia ficar perto de 17 horas por ano, em média, sem luz. Esse era o limite máximo; acima disso, era multa. Hoje, o limite está abaixo de 13 horas, ano que vem ficará abaixo de 12. E o volume de investimento necessário para acompanhar isso é muito grande", disse o diretor de distribuição da Copel, Ronald Thadeu Ravedutti.

O indicador a que Ravedutti se refere é a DEC, que indica o número médio de horas que um consumidor fica sem energia ao longo de um ano. Nesse caso, se metade dos clientes de uma distribuidora passou 19 horas às escuras em um ano, e a outra metade, 7 horas, a DEC dessa concessionária foi de 13 horas. Em 2008 (último dado consolidado), a DEC da Copel ficou em 12,2 horas, abaixo da tolerância de 13,2 horas estabelecida pela Aneel para o período – nos dois anos anteriores, a companhia havia extrapolado os limites.Por meio de sua assessoria de imprensa, a Aneel afirmou que uma nova regra, que entrou em vigor neste ano, apertou os limites e tornou mais rigorosa a punição às distribuidoras. Agora, o consumidor tem direito a um desconto em sua conta caso as quedas de luz passem do limite (antes, as multas pagas pelas concessionárias iam para um fundo). Além disso, o cálculo será feito não mais pela DEC, que é uma média, e sim pelo DIC – índice que mede a interrupção "individual", em cada unidade consumidora (uma casa, por exemplo). E a regra de conversão de uma para outra tornou os limites mais severos.

Na região central de Curitiba, por exemplo, a DEC máxima por ano era de 3,3 horas. Agora, se em um único mês um consumidor ficar 4,25 horas sem luz, já terá direito a um desconto. Na cidade de Irati, onde o limite anual da DEC era de 7,8 horas, a tolerância mensal de falta de energia será de 4,7 horas. "Por mais que essa compensação seja de poucos reais por consumidor, representará um sinal econômico muito forte para a concessionária, caso o limite seja extrapolado em milhares ou milhões de casas", afirmou a Aneel.

Motivos

Em entrevista à Gazeta, o diretor de distribuição da Copel enumerou os motivos para as quedas de energia dos últimos dias. O primeiro deles está relacionado às árvores. Outra razão é que, quando o consumo está muito acima da média – como tem ocorrido, por causa do calor –, algumas linhas ficam sobrecarregadas e, assim, se "desligam". Os raios também são um problema, em especial para as linhas da Copel.

"A maior parte da nossa rede é estruturalmente mais fraca, por exemplo, que a da CPFL [uma das distribuidora de São Paulo]. Nossa rede tem tensão de 34 kV e a deles, mais robusta, é de 138 kV. Então o mesmo raio que ‘me desliga’ aqui, para eles não causa nada", explicou Ravedutti. "Foi uma escolha feita décadas atrás, por questão de custo. Em alguns lugares, estamos substituindo a rede, mas isso não é simples nem barato."

Segundo o diretor, a já concluída automatização das subestações de distribuição e a futura automatização das "chaves religadoras" vão acelerar o restabelecimento da energia, reduzindo a necessidade de deslocamento de equipes. Em dia de forte temporal, por exemplo, a Copel já chegou a gastar perto de R$ 500 mil apenas com a mão-de-obra para o religamento, que é terceirizada.

A própria expansão da rede de subestações deve reduzir a vulnerabilidade do sistema – a Copel tem mais de 340 no estado, das quais duas foram inauguradas ontem, em Curitiba. "Quanto mais longo é um alimentador [cabo elétrico que sai da subestação], mais exposto ele fica às intempéries."

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