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“A empresa resultante de uma parceria entre os dois governos beneficiaria os dois estados. Continuaria sob controle público, e as políticas sociais que o Paraná tem hoje com a Copel seriam expandidas para Santa Catarina.” Rubens Ghilardi, presidente da Copel | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
“A empresa resultante de uma parceria entre os dois governos beneficiaria os dois estados. Continuaria sob controle público, e as políticas sociais que o Paraná tem hoje com a Copel seriam expandidas para Santa Catarina.” Rubens Ghilardi, presidente da Copel| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo
  • Saiba mais sobre a Copel e a Celesc

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) entrou, declaradamente, na disputa pela Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), principal distribuidora de energia do estado vizinho. O governador Roberto Requião já conversou com seu colega catarinense – Luiz Henrique da Silveira, também do PMDB – e os presidentes das duas empresas têm dialogado sobre o assunto.

O negócio se encaixa à estratégia de Copel de crescer no Paraná ou em suas proximidades, descartando, ao menos por ora, a participação em projetos hidrelétricos no Norte do país. Mas, para que ele se concretize, a companhia terá de desbancar a mineira Cemig, que desde janeiro mantém um convênio de cooperação com a Celesc. Assim como Copel e Celesc, a Cemig é uma empresa de capital misto, controlada pelo governo estadual, com acionistas privados e papéis listados em bolsa de valores.

A entrada da Copel poderia ocorrer de duas maneiras. Uma delas, diz o presidente da companhia, Rubens Ghilardi, seria a compra da fatia que a Previ (fundação previdenciária do Banco do Brasil) tem na Celesc. Dona de 33,1% das ações com direito a voto e de 14,5% do capital total da empresa catarinense, a Previ só não vendeu sua parte até agora por conta de uma dívida que cobra, na Justiça, do governo de Santa Catarina. Obstáculo à negociação com a Previ é a lei paranaense que proíbe a Copel de ser minoritária, que teria de ser revogada.

A segunda porta de entrada da estatal em Santa Catarina seria o que o presidente da Copel chama eufemisticamente de "parceria" com o governo catarinense. "A ideia não é exatamente comprar, mas juntar o capital das duas e fazer uma empresa maior, uma grande empresa de energia do Sul do país", diz o executivo.

"A Celesc não está à venda", enfatiza o presidente da Celesc Distribuição, Felipe Luz. "Não vejo problema em parceria", diz, ao citar que as estatais estaduais deveriam "conversar mais" e "formar uma frente" para tratar de temas comuns, como o fato de o BNDES não conceder empréstimos a elas.

Mineiros

Enquanto as negociações entre os governos do Paraná e de Santa Catarina ainda se limitam ao diálogo, a Cemig literalmente trabalha na Celesc desde o início deste ano, quando as duas firmaram um "convênio de cooperação técnica" que vai até dezembro. Para sindicatos que representam os funcionários da estatal catarinense, no entanto, os técnicos da Cemig estariam fazendo uma espécie de avaliação da Celesc, com vistas à compra da companhia.

Parte dos empregados chegou a paralisar as atividades na manhã de terça-feira, em protesto contra o convênio e contra os métodos de gestão da Cemig, tidos como voltados ao lucro dos acionistas privados. Nesse sentido, a venda da fatia da Previ à Copel, ou a entrada da estatal paranaense no bloco de controle da Celesc, seria melhor digerida pelos funcionários catarinenses, algo que fica implícito até no discurso de Ghilardi. "A empresa resultante de uma parceria entre os dois governos beneficiaria os dois estados. Continuaria sob controle público, e as políticas sociais que o Paraná tem hoje com a Copel seriam expandidas para Santa Catarina."

Ontem, quando matéria do jornal Valor Econômico revelou as pretensões da Copel em relação à Celesc, as ações da empresa catarinense subiram quase 4% no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As da Copel, por sua vez, recuaram 0,3%.

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