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A Justiça francesa vai decidir na quinta-feira se a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, deverá ser formalmente investigada por ter aprovado um pagamento compensatório a um amigo do presidente Nicolas Sarkozy quando era ministra das Finanças.

Se s corte de Justiça da República endossar o pedido da procuradoria, estará lançando uma cortina de fumaça sobre a gestão de Lagarde no FMI, um mês depois de ela ter sido nomeada para o cargo em meio à turbulência econômica mundial.

Promotores dizem que Lagarde abusou de seu poder ao aprovar um pagamento de 285 milhões de euros (405 milhões de dólares) ao empresário Bernard Tapie, em 2008, para compensá-lo em sua alegação de que o banco Crédit Lyonnais - na época, estatal - o fraudou na venda de sua participação na Adidas, em 1993.

Ex-ministro de esquerda, Tapie mudou de lado no espectro político para apoiar a campanha presidencial de Sarkozy, em 2007. O empresário perdeu a causa na mais alta instância judiciária da França, em 2006, e estava apelando da decisão quando Sarkozy chegou ao poder.

Lagarde nega que tenha agido de modo impróprio. Ela passou por cima das objeções de alguns altos funcionários do ministério para deixar de lado o caso na Justiça e seguiu adiante com a mediação, argumentando ser necessário resolver rapidamente a longa disputa.

Não há nenhum indício de que ela tenha obtido vantagens pessoais com a solução dada ao caso. No entanto, fontes judiciais dizem ser provável a abertura de um inquérito, depois que dois altos funcionários do ministério foram alvo de comissões disciplinares e passaram a ser investigados pela polícia.

O complicado sistema judiciário da França pode fazer com que a investigação dure anos, pairando sobre Lagarde enquanto ela tenta deixar sua marca no FMI e obter o apoio de críticos, especialmente nações emergentes irritadas com seis décadas de domínio europeu no principal cargo do fundo.

Formada em Direito, Lagarde foi nomeada para o mais alto posto no FMI depois que o ex-diretor-gerente Dominique Strauss-Kahn - um outro ex-ministro das Finanças da França - renunciou após ter sido preso em maio por acusações de tentativa de estupro de uma camareira de um hotel de Nova York.

Com receio de novas situações embaraçosas, o FMI impôs duras diretrizes éticas no contrato com Lagarde. Um inquérito levará meses para começar, já que não pode ter início até que seja nomeado um substituto para Jean-Louis Nadal, o promotor público que recomendou a investigação - a pedido de deputados do oposicionista Partido Socialista -, mas se aposentou em junho.

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