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Lixeira do McDonald’s em uma unidade de Barueri (SP). Material reciclado nos restaurantes da região voltam à rede na forma de bandejas plásticas.  | Divulgação/
Lixeira do McDonald’s em uma unidade de Barueri (SP). Material reciclado nos restaurantes da região voltam à rede na forma de bandejas plásticas. | Foto: Divulgação/

Quando deixaram de ser uma distribuidora de tintas para montar a própria indústria, os sócios da Lar Química perceberam que algumas mudanças nas embalagens dos produtos poderiam ter amplos benefícios. Após constantes pesquisas junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e ao Inmetro, concluíram que seria possível envasar produtos diferentes em uma mesma lata, em especial aquelas que tinham menor giro de mercado. Nas embalagens, então, passaram a constar informações técnicas de dois produtos: o selador acrílico e o fundo preparador de paredes, com um sinal que identifica qual o conteúdo interno.

Apesar da solução aparentemente simples, o retorno dessa ideia apresentou resultados em diversas frentes. Para a empresa, a economia foi grande; conseguiram poupar mais de R$ 27 mil ao optar por somente uma lata. Thiago Sganzerla, diretor de marketing da Lar Química, explica que, dentre as economias, estiveram um único pagamento para o desenvolvimento de uma arte, um frete do fornecedor até a indústria e apenas um lote mínimo de embalagens. 

“Além desta redução imediata, conseguimos lançar os dois itens simultaneamente. Caso não fizéssemos este estudo de economia de embalagem, certamente teríamos produtos faltantes em nosso portfólio ou demoraríamos muito mais para apresentar um completo ao mercado”, explica.

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Essa ação impactou diretamente nos custos da operação. “Em alguns casos, a embalagem chega a compor de 46% a 50% do valor final do produto envasado. Com isso, ter somente uma embalagem para o envase de dois ou mais fez a empresa tornar-se mais competitiva”, explica o diretor, ressaltando ainda que isso proporcionou uma redução de até 15% no preço final de venda para o consumidor. Além do melhor resultado financeiro para sócios e para o cliente, essa ideia impactou na natureza: uma média de 100 latas ao mês deixaram de ser descartadas como rejeito após o uso. 

Lata da Lar Química que pode ser usada para a venda de dois produtos diferentes: fundo preparador e selador acrílico. Divulgação Lar Química

Empresas de grande porte também perceberam que investir em operações que resultam em menos detrito pode ser uma vantagem. É o caso da MRV Engenharia, maior construtora da América Latina que, há dois anos, deixou de lado os tijolos tradicionais para priorizar as construções em paredes de concreto, modelo que consiste na montagem de formas para posterior concretagem diretamente na estrutura da obra, já com as instalações elétricas e parte da hidráulica.

Esse processo possui diversas vantagens, sendo uma das principais a menor produção de resíduos e o consequente barateamento dos custos da obra. De acordo com Alexandre Vargas, engenheiro responsável pela área ambiental da MRV, essa mudança representa aspectos positivos na área econômica – com a redução do investimento em matéria prima – e ambiental, com menor uso dos recursos naturais e consequente redução dos rejeitos nos canteiros de obras, eliminando desperdícios.

Os números desse sistema já mostram os resultados positivos. Em 2018, a empresa obteve nacionalmente uma redução de 38% na quantidade de caçambas por unidade habitacional produzida. Em algumas obras no Paraná, a geração de entulho chegou a ser reduzida em 70%. 

Em todo o país no ano passado, esta redução correspondeu a uma economia de R$ 1,8 milhão nos gastos com caçamba quando comparado com 2017, o que representou uma redução de 12% nas despesas financeiras utilizadas para a correta disposição dos resíduos gerados.

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“O mercado da engenharia está em uma fase de consciência ambiental, que busca constantemente desenvolvimento sustentável, que é o crescimento sem que haja falta de recursos para mantê-lo. Temos no país um cenário de destaque com muitas construções que já possuem certificados de edificações sustentáveis com selos como o Leed e GBC”, explica o engenheiro.

Educando os clientes

O Brasil perde muito quando não destina corretamente seus resíduos. De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), R$ 5,7 bilhões deixam de retornar à economia por conta de produtos que não são reciclados. Além das iniciativas das empresas, algumas aproveitam para educar os clientes sobre essa importância. 

“Além das ações de redução de resíduo, como extinção da embalagem de uma das linhas, temos o compromisso de educar nossos clientes. Lançamos mão de mensagens de conscientização em bandejas, no balcão de atendimento, quando nos solicitam canudos e até mesmo nas lixeiras, que possuem identificação do que é reciclável ou não”, explica Leonardo Lima, diretor de desenvolvimento sustentável do Mc Donalds, rede que soma 4,5 milhões de clientes por dia nas lojas em toda a América Latina.

A empresa ainda tem estruturado uma nova política para os resíduos que gera nas lojas. A rede começou, há três meses, um projeto piloto em Barueri (SP) que visa a reciclar todos os itens descartados nas lojas da região cujo destino seria o lixo comum. Em parceria com cooperativas locais, o processo de reciclagem transforma o material em novas bandejas, que retornam para os restaurantes em que um dia foram canudos e embalagens. “Até o final do ano pretendemos expandir a atuação para outras regiões do país”, garante Lima. 

Outro case de empresa em que mudanças na gestão geraram menos custos e mais benefícios para clientes foi no segmento de análises clínicas. “Hoje, a facilidade da internet contribui muito na redução de papéis. Uma grande quantidade de laudos é entregue via e-mail ou existe uma integração entre hospitais e clínicas em que o médico tem acesso direto aos resultados sem precisar imprimi-los”, explica a gerente do Laboratório de Análises Clínicas (Lanac), Alessandra Kozlowski.

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Outra mudança é que as unidades não utilizam mais copos de plástico. Com 500 colaboradores, a empresa reduziu o consumo de, em média, 10 mil copos plásticos ao mês. “Nos últimos 10 anos foram economizados mais de 1 milhão de unidades”, destaca a gerente.

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