O próprio ministro da Fazenda Joaquim Levy não fez “marola” - como ele mesmo definiu - ao explicar as razões que levaram o governo a rever a meta de superávit primário. Levy citou dois fatores. A recessão e a queda da arrecadação. Para o economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas, faltou um terceiro item: contas extras. No primeiro semestre, o governo arcou com despesas adicionais de R$ 21 bilhões para manter a máquina pública e suas obrigações - as despesas de custeio.

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Segundo Mansueto, parte dessas despesas não estava na cabeça da nova equipe econômica quando traçou as metas de superávit. Tratam-se, em sua maioria, de “uma herança maldita”, como definiu o economista, que não estava clara no final do ano passado. “Eu não tinha a mínima ideia do peso delas e acho que a equipe econômica também não.”

O economista acompanha o desempenho fiscal, mês a mês, a partir de dados da Receita e do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siaf). Para ele, o governo conseguiu cortar quase R$ 2 bilhões de gastos com pessoal beneficiando o primário. Mas o resultado segue pressionado pelo custeio - por antigos e novos gastos, que limitam a economia.

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Entre elas estão as despesas de R$ 4,4 bilhões com saúde, que são obrigatórias, mas foram proteladas e sequer empenhadas; e o pagamento de juros por atraso na transferência de recursos para o Programa de Sustentação de Investimentos, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).