O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, disse nesta sexta-feira (3) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está preocupado com o crescimento da economia para equilibrar as contas, sem comprometer as despesas dos programas sociais.
“O que ele diz é que é preciso fazer a economia crescer, porque com a economia crescendo, cresce também a receita e ajuda no equilíbrio das contas. Quando você adota uma medida radical de cortes, reduz a capacidade de investimento, e isso tem impacto na própria meta de crescimento econômico”, disse Dias, em entrevista ao Valor Econômico.
Dias defendeu a tese contra a meta de déficit fiscal zero em 2024, e mencionou que Lula deve ter um novo parâmetro para a meta fiscal, à medida que faz investimentos e reduz as despesas. "A política de somar investimento público para criar um ambiente favorável à multiplicação com investimentos privados vai prosseguir. Acho que o presidente não vai aceitar é matar a galinha dos ovos de ouro”, declarou.
Segundo o ministro, o governo deve conseguir alcançar o “zeramento do déficit”, sem “retirar das áreas que dão resultados para o equilíbrio seguro das contas públicas”. “Ele [Lula] mantém uma posição firme de que o resultado social não pode ser um corte para cortar, mas tem que em razão da melhoria da vida das pessoas na rede de proteção social”, disse.
Em relação ao Bolsa Família, Dias reforçou que o auxílio é “um socorro, e uma medida protetiva que tem um objetivo claro”, ou seja, “viabilizar a capacidade de compra de alimentos e outras necessidades para famílias de baixa renda ou que não têm renda”. O ministro apontou que o reajuste do auxílio tem como referencial o preço dos alimentos.
Ao ser questionado sobre a fome no Brasil, o ministro disse que o governo tem “a meta de tirar o Brasil do mapa da fome até 2026”, e indicou que “92% das famílias do Bolsa Família já estão fora da linha da pobreza, com renda de até R$ 218 per capita”. Dias também reforçou que a fila do auxílio terá nova redução no mês de novembro e dezembro, para atingir o patamar de no máximo 350 mil beneficiários.
Cesta Básica
O ministro também comentou sobre a proposta do relator da reforma tributária, senador Eduardo Braga (MDB-AM), que propôs uma alíquota zerada para itens da cesta básica e redução de 60% para uma versão estendida dela.
De acordo com Dias, o presidente Lula defende a redução no preço geral dos alimentos para todas as classes sociais. Há necessidade de, sim, ter um olhar que leva em conta os mais pobres, mas também a classe média de forma especial. Acho que esse é o sentido da proposta que eu considero muito importante, apresentada pelo senador Eduardo Braga”, disse.
“A classe média, a classe alta têm condições de, no dia a dia, comprar o alimento necessário. A preocupação aqui, portanto, são a classe D e a classe E. Se carregar na tributação, aumenta o preço do alimento. E é isso que não queremos”, completou Dias.
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