• Carregando...
Dilma classificou como "interpretações equivocadas" a reação do mercado a seus comentários sobre o controle da inflação | Roberto Stuckert Filho / Presidência da República / Divulgação
Dilma classificou como "interpretações equivocadas" a reação do mercado a seus comentários sobre o controle da inflação| Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência da República / Divulgação

Tombini esclarece fala da presidente

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, garante que não há tolerância no governo com a inflação. Em entrevista exclusiva ao Grupo Estado nesta quarta-feira, Tombini afirmou que a presidente Dilma Rousseff pediu a ele para esclarecer o mercado de que "qualquer implicação na fala dela hoje, de que há tolerância com a inflação, é uma interpretação equivocada".

Leia mais

Após a presidente Dilma Rousseff dizer que é contra políticas que reduzem o crescimento para combater a inflação na manhã desta quarta-feira (27) e o juros futuros fecharem em queda na Bolsa brasileira com a declaração, ela afirmou que houve "manipulação inadmissível" de sua fala. "Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo", disse a presidente ao Blog do Planalto, um dos canais de comunicação da Presidência da República.

Ela classificou como "interpretações equivocadas" a reação do mercado a seus comentários, feitos a jornalistas durante a 5ª Cúpula dos Brics -grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul-, em Durban, na África do Sul.

Segundo a nota do Planalto, a declaração de Dilma foi feita após a presidente ficar sabendo que agentes do mercado financeiro estavam interpretando "erroneamente" seus comentários como expressão de leniência em relação à inflação. "A presidente solicitou ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que também desse esclarecimentos sobre o assunto", diz a nota.

Mesmo com a tentativa do governo de contornar a repercussão da fala de Dilma, as taxas de juros futuros negociadas na BM&FBovespa fecharam em queda e as apostas de elevação da taxa básica de juros nacional -a Selic, atualmente em 7,25% ao ano- foram reduzidas.

O contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2013 fechou com taxa de 7,14% e o com vencimento em janeiro de 2014, de 7,74%. O contrato com vencimento em janeiro de 2015 mostrou 8,45% e o contrato para janeiro de 2017 ficou em 9,28%.

Reuniões do Copom

As taxas mostraram baixa desde a abertura, mas intensificaram o movimento após o discurso da presidente. A maior parte do mercado acreditava que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) poderia voltar a subir a Selic já em sua próxima reunião, em abril, pressionado pelo avanço da inflação no país.

Patamar histórico

No início desse mês, a autoridade manteve o juro básico da economia brasileira em 7,25% ao ano -menor patamar histórico.Foi a terceira reunião seguida do Copom em que a taxa foi mantida. O último corte, de 7,5% para 7,25% ao ano. ocorreu em outubro de 2012. Desde agosto de 2011, a Selic caiu 5,25 pontos percentuais -em dez reduções consecutivas.

Discurso

A fease pôlemica da presidente Dilma Rousseff foi feita em reunião dos Brics (grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A presidente afirmou também que é contra "esse receituário que quer matar o paciente para acabar com a doença". A declaração, feita na África do Sul, ocorre a um dia da divulgação do relatório de inflação -o mercado espera o documento para confirmar quando o Banco Central irá aumentar os juros.

Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que a atividade econômica dá sinais de que cresce a um ritmo mais veloz do que o observado no fim do ano passado e reforçou a preocupação com o "nível e a resistência" da inflação.

Embora tenha repetido que o BC deverá agir com cautela na reação aos aumentos de preços, Tombini deixou no ar que pode endurecer na ação. Desde fevereiro, autoridades do governo e o próprio presidente do BC têm demonstrado desconforto com a alta da inflação.

A prévia da inflação oficial de março (0,49%) ficou abaixo da de fevereiro (0,68%), conforme divulgação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na semana passada. Contudo, o IPCA-15 acumulado em 12 meses chegou a 6,43%, perto do teto da meta do governo (6,5%), e pode superar barreira até o fim do mês.

O recuo foi proporcionado pela redução das tarifas de energia elétrica (que compensou a alta da gasolina), por uma leve desaceleração dos preços dos alimentos e pelo fim do impacto do aumento do grupo educação, concentrado em fevereiro. Analistas projetam um aumento do IPCA fechado de março entre 0,40% e 0,50%. Se a inflação ficar neste intervalo, haverá o estouro da meta no índice de 12 meses. As previsões, porém, indicam desaceleração a partir de maio, o que deve fazer o IPCA fechar o ano abaixo do limite de 6,5%.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]