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Fêmea de chimpanzé com filhote: "assassina por natureza" ou por graça das circunstâncias? | Reuters/Arquivo
Fêmea de chimpanzé com filhote: "assassina por natureza" ou por graça das circunstâncias?| Foto: Reuters/Arquivo

O dólar caiu ontem 1,34% e fechou o dia a R$ 1,982, rompendo a barreira psicológica dos R$ 2 pela primeira vez em seis anos. A manutenção desse patamar deve agravar o quadro pouco animador apurado pela consultoria de negócios paranaense Go4: no primeiro trimestre deste ano, em relação ao do ano passado, a desvalorização do dólar frente ao real derrubou em mais de 8% a lucratividade da indústria exportadora do Paraná. O estudo se baseou em dados do Ministério da Indústria e do Desenvolvimento e mostra que cada tonelada exportada pelo estado valia US$ 0,00160, em média, entre janeiro e março deste ano – para um dólar médio de R$ 2,10. No mesmo período do ano passado, o valor era de US$ 0,00175 e a moeda norte-americana era vendida, em média, a R$ 2,19. No primeiro trimestre de 2005, quando um dólar valia R$ 2,66, a tonelada era exportada a US$ 0,002 – ou seja, a lucratividade era 14,6% superior.

"A indústria do estado perdeu margem. Na prática, significa dizer que ela está ganhando menos, para exportar mais", diz a analista da Go4, Karina Cordeiro. Evitar essas perdas, apesar da continuidade da trajetória de queda da moeda norte-americana, vai depender do limite de adaptação das empresas. "Mas a adaptação depende muito do fôlego financeiro delas, que precisam diversificar clientes e produtos, buscando novos mercados", diz Karina. "O governo vem tentando segurar a queda do dólar, dando mais tempo para essa adaptação, mas a ação é limitada e não dá para saber por quanto tempo elas vão suportar."

Segundo a analista, as empresas de menor porte são as mais prejudicadas – pois tem menos poder financeiro para fazer as adaptações necessárias. "Por outro lado, alguns setores estão apresentando melhor capacidade de reação, como é o caso da indústria alimentícia, principalmente a de baixo valor agregado (como de essências e extratos)."

Ao que tudo indica, a saída para as exportadoras está mesmo em aumentar a competitividade. O governo deve continuar a comprar dólares para compor suas reservas, mas o ministro Guido Mantega disse ontem que não pretende intervir de outras formas para conter a valorização do real.

No mercado, a previsão também é de que a moeda siga ganhando força. "A tendência é que o dólar se mantenha abaixo dos R$ 2 e feche o ano entre R$ 1,80 e R$ 1,90", diz o professor de teoria e prática cambial do Unicenp, Luis Ramos da Silva. "O governo vai continuar comprando dólares, com a desculpa de completar a reserva. Mas isso de certa forma é positivo, porque se deixasse ao sabor do mercado, a queda poderia ser ainda mais acentuada."

Intervenção

Para o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, no entanto, a mudança na política cambial é "absolutamente inadiável". Para ele, a taxa atual aprofunda o processo de "desindustrialização" do país. "A nossa produção industrial está sendo substituída por produtos importados e, com isso, agrava-se o quadro de desemprego e de queda da renda da população."

Candidato de oposição à presidência da Fiep, o industrial Álvaro Scheffer acredita que a indústria do estado está sendo vítima de uma "economia financista". "Dá-se muito valor ao capital financeiro. Mas essa queda está trazendo um prejuízo grande, em especial para as empresas com cadeia produtiva mais longa e de custos nacionais altos." Para ele, no entanto, a atuação do governo federal não deve ser na própria política cambial. "Ela está consolidada. Boa parte da valorização do real está no dólar especulativo que chega ao país por conta do juro alto. É esta política que precisa ser revista."

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