Pôr do Sol na Times Square, um dos pontos mais visitados por viajantes em Nova York: impacto do dólar no turismo pode estar apenas começando| Foto: Jason Szenes/Efe

Eles fizeram hora extra. Eles economizaram durante um ano. E acabaram passando as tão aguardadas férias em Nova York em um hotel precário em Chinatown.

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Pétala Gomes Ribeiro, uma botânica de 29 anos do Brasil, e seu namorado de 35 anos, o jornalista e guitarrista Cid Fiuza, estão entre os turistas em visita a Nova York que sentiram o peso do aumento de 17% do dólar nos últimos 12 meses.

“Se eu soubesse que o dólar estaria tão caro eu jamais teria vindo”, disse Ribeiro, durante uma caminhada pela região da Times Square.

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Não são só os turistas estrangeiros que estão sentindo o golpe. Com o aumento da divisa americana em relação a todas as principais moedas nos últimos 12 meses, as exportações estão em queda, deixando os produtores americanos em um aperto.

Em Detroit, as fabricantes de carros e de tecnologias automotivas estão descobrindo que seus produtos estão “mais caros e mais difíceis de vender nos mercados internacionais”, disse Sandy Baruah, CEO da câmara regional de comércio.

As exportações americanas de carros, peças e motores caíram quase 4% no primeiro semestre em relação a um ano antes, mostraram dados do Escritório de Análises Econômicas.

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Walmart e Apple

O aumento do dólar tem pesado sobre empresas com vendas internacionais substanciais, desde gigantes do varejo como a Walmart e a Apple, fabricante do iPhone, até companhias industriais como a United Technologies.

A Walmart reduziu sua projeção de lucro anual na semana passada, dizendo que o câmbio reduziria seus ganhos. A empresa vem aumentando sua exposição internacional, ampliando o número de estabelecimentos no exterior em 54% nos últimos cinco anos, para mais de 6.300, segundo dados compilados pela Bloomberg. No ano passado, a companhia registrou cerca de 28% de suas vendas, mais de US$ 136 bilhões, fora dos EUA.

Comprando menos

Os viajantes estrangeiros continuarão visitando os EUA, mas terão que economizar encurtando sua estadia, comprando menos ou gastando menos com alimentação, disse David Huether, vice-presidente sênior de pesquisa da Associação de Viagens dos EUA, um grupo setorial com sede em Washington.

“É caro. A taxa de câmbio não é boa para nós”, lamenta Maria Frontera, uma assistente legal de Córdoba, Argentina, que comprava doces no Dylan’s Candy Bar em Nova York.

Um peso argentino, que vale cerca de 11 centavos de dólar no câmbio oficial, “não compra nada” nos EUA, reclamou Maria, que fez tours de graça e andou pela cidade em vez de usar os transportes públicos.

Quando começaram a caminhada de 4 quilômetros até os painéis luminosos da Times Square em busca de um bar de blues em West Village, Pétala e Cid, os brasileiros, riram da ideia de pegar um táxi.

“Eles (os táxis) são para os ricos”, disse ela.

E embora as vendas de iPhones por enquanto venham sendo resilientes, “a longo prazo, um dólar americano forte não é algo positivo para os nossos negócios internacionais”, disse Luca Maestri, diretor financeiro da Apple, em uma teleconferência com analistas após o relatório de lucros do terceiro trimestre.

A United Technologies, que fabrica os motores de jatos Pratt & Whitney e os elevadores Otis, disse que o câmbio é o maior problema enfrentado pela empresa neste ano.

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Com o Federal Reserve (Fed, o BC americano) caminhando para o primeiro aumento na taxa de juros em quase uma década, os estrategistas de política cambial dizem que a valorização da moeda provavelmente reduzirá as exportações líquidas e prejudicará o crescimento no segundo semestre.

O impacto no turismo pode estar apenas começando, considerando que as viagens de férias tendem a ser reservadas com meses de antecedência. O número de visitantes nos EUA deverá subir cerca de 1% neste ano, para 75,8 milhões, e o crescimento seria mais forte se não fosse a alta do dólar, segundo a Tourism Economics, uma empresa de análises da Pensilvânia. A projeção contrasta com o aumento de 6,8% nas chegadas de turistas no ano passado.

Diante da desaceleração do turismo em Nova York, o escritório de turismo respondeu aos orçamentos mais apertados dos turistas criando um site que lista atrações gratuitas ou de baixo custo.