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Dólar caiu no mês das eleições. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Dólar caiu no mês das eleições.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O dólar caiu mais de 8% em outubro, o maior tombo desde junho de 2016, reflexo da euforia de investidores com o desenrolar da corrida eleitoral que deu a vitória a Jair Bolsonaro (PSL). A Bolsa subiu quase 10% no mês.

“O mercado comprou a tese de um governo eleito capaz de tocar as reformas necessárias. A retórica pós-eleição sugeriu dedicação à austeridade fiscal, privatizações, independência do Banco Central, atenção especial à atividade empreendedora e eficiência tributária”, afirma Felipe Miranda, economista e estrategista-chefe da Empiricus. “Para um mercado disposto a acreditar, foi suficiente.”

O dólar encerrou a quarta-feira (31) em alta de 0,51%, a R$ 3,7110. No mês, a desvalorização ficou em 8,10%.

“A moeda deve continuar oscilando ao redor dos R$ 3,70 muito provavelmente até o 1.º trimestre de 2019, visto que a transição governamental está somente sendo iniciada”, avaliou o diretor da NGO Corretora, Sidnei Nehme.

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“Para o dólar cair mais daqui para a frente, é preciso algo mais concreto, notícias de medidas”, diz o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, para quem o término das eleições voltou a aproximar o exterior do mercado local.

Desde terça-feira (30), futuros ministros do presidente eleito têm anunciado algumas das medidas econômicas, como a fusão de ministérios.

Na terça, foi confirmado o superministério da Economia (fusão de Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio Exterior), que dará superpoderes a Paulo Guedes. Outras junções foram ventiladas nesta quarta (31).

Houve ainda um otimismo com a sinalização de Bolsonaro com o apoio à reforma da Previdência de Michel Temer, que, contudo, continua enfrentando obstáculos no Congresso.

Bolsa

Nesta quarta, a Bolsa brasileira subiu 0,61%, a 87.423 pontos. O dia foi de forte volatilidade, com destaque para a queda de mais de 5% no valor das Units (conjunto de ações) do Santander.

O banco divulgou crescimento de 20% no lucro no terceiro trimestre quando comparado com igual período de 2017, para R$ 3,1 bilhões. Segundo o BTG Pactual, o mercado estava com expectativas elevadas.

No mês, o Ibovespa acumula ganho de 10,13%, em um comportamento descolado do exterior. No período outubro, as Bolsas americanas registraram fortes movimentos de venda, tendência negativa que se espalhou também pelo mercado europeu.

O índice americano S&P 500, com queda acumulada de 6,94%, teve o pior desempenho mensal desde setembro 2011 e o pior outubro desde 2008. O índice Nasdaq recuou 9,20%.

Fundo cambial

A queda do dólar em outubro impactou diretamente os fundos cambiais. Eles perderam 9,24% até o dia 26, dado mais recente da Anbima (associação do mercado de capitais).

A captação desse tipo de fundo também diminuiu no período: a saída líquida foi de R$ 330,6 bilhões em outubro.

No ano, porém, tanto a rentabilidade (12,4%) quanto a captação (R$ 1,1 bilhão) continuam positivas.

O produto gerou forte interesse de investidores desde junho, quando a incerteza fez crescer a aposta na alta da moeda. Apenas naquele mês, investidores aplicaram R$ 1 bilhão.

Considerando apenas o intervalo entre junho e outubro, o dólar caiu 1,15%.

Planejadores financeiros desaconselham investir em dólar, porque consideram difícil prever a direção da moeda.

O cenário do primeiro semestre se desenhava incerto, marcado pela paralisação dos caminhoneiros e pela expectativa de alta na taxa de juros dos Estados Unidos, que fez com que boa parte das divisas emergentes perdessem valor.

Mas o quadro se inverteu com a vantagem de Jair Bolsonaro nas pesquisas eleitorais e um maior otimismo externo, em setembro.

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Logo após a eleição, a aposta foi de queda ainda mais abrupta na cotação, para abaixo dos R$ 3,60, o que também não se confirmou. Na manhã de segunda (29), primeiro pregão após a vitória de Bolsonaro, o dólar caiu R$ 3,58, mas a mínima foi mantida por pouco tempo e logo passou a subir.

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