A moeda norte-americana subiu 1,03%, a R$ 3,0115 na venda, após chegar a R$ 3,0231 na máxima e R$ 2,9798 na mínima da sessão| Foto: Paulo Lisboa /Folhapress

O dólar subiu mais de 1% pelo quarto dia consecutivo e encerrou acima de R$ 3,01 nesta quinta-feira (5), ainda pressionado por incertezas sobre o ajuste fiscal e as intervenções do Banco Central no câmbio.

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A moeda norte-americana subiu 1,03%, a R$ 3,0115 na venda, após chegar a R$ 3,0231 na máxima e R$ 2,9798 na mínima da sessão. Trata-se do maior nível de fechamento desde 13 de agosto de 2004, quando fechou a R$ 3,021.

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Nos últimos quatro dias, o dólar acumulou alta de 5,44%, levando a valorização no ano a 13,27%.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 2 bilhões.

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Bolsa fecha em baixa pressionada por cenário político e por queda da Vale

A Bolsa brasileira fechou em baixa nesta quinta-feira (5), pressionada pela tensão política criada após o Congresso barrar uma das medidas de ajuste fiscal do governo e também pela queda de 4% das ações da mineradora Vale.

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, registrou baixa de 0,20%, a 50.365 pontos. Das 68 ações negociadas no índice, 37 subiram e 31 caíram.

No pregão anterior, a Bolsa já havia caído 1,63% com a reação negativa do mercado após o Congresso devolver a medida provisória que aumentava tributos pagos por empresas de vários setores, apresentada pelo governo no fim da semana passada.

Contribuiu para a queda da Bolsa a desvalorização de mais de 4% das ações da Vale. A baixa ocorreu após o minério de ferro atingir a mínima em mais de seis anos com o fechamento de algumas siderúrgicas na China. O país também sinalizou crescimento menor em 2015, de 7%, abaixo dos 7,5% que não foram cumpridos por pouco em 2014.

As ações da Petrobras subiram no dia. Os papéis preferenciais, mais negociados e sem direito a voto, fecharam em alta de 0,76%, a R$ 9,28. Já as ações ordinárias, com direito a voto, subiram 0,66%, a R$ 9,21.

“O mercado já está testando o nível de R$ 3 desde ontem. Bateu, bateu e agora firmou”, resumiu o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.

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Ajuste fiscal na balança

Investidores têm demonstrado preocupação com a possibilidade de o ajuste das contas públicas brasileiras não ser tão forte quanto o necessário, em meio a crescentes obstáculos políticos à implementação de cortes de gastos e aumentos de impostos.

Segundo analistas, as expectativas de uma política fiscal mais contracionista eram o único fator amortecendo a pressão exercida sobre o dólar pela deterioração dos fundamentos macroeconômicos brasileiros. A inflação deve superar 7% no período mesmo com a provável contração da economia brasileira.

“Os problemas ainda são os mesmos. A tendência no curto, médio e longo prazos é dólar para cima”, disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

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Cenário externo

A perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos, que poderia atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em países como o Brasil, também vem elevando as cotações do dólar globalmente. Investidores buscarão mais sinais sobre quando isso de fato acontecerá no relatório de emprego do governo norte-americano, que será divulgado na sexta-feira (6).

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O movimento do dólar no Brasil também veio em linha com os mercados externos, onde o mercado europeu puxava uma apreciação generalizada da divisa. A moeda europeia reagia à declaração do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, de que o BCE pode estender seu programa de compra de títulos para além de setembro de 2016, “se necessário”, injetando mais euros no mercado global.

“O dólar subiu em todo o mundo, mas, como sempre, aqui foi pior”, disse o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.

Intervenção do BC

A pressão cambial tem levantado dúvidas sobre o futuro das intervenções do Banco Central no mercado, marcada para durar pelo menos até o fim deste mês. “Mesmo se os leilões forem acabar, é melhor isso do que ficar no escuro. Agora, há muita incerteza”, disse o operador de uma corretora internacional.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas rações diárias. Foram vendidos 1.700 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 300 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98,3 milhões.

O BC também vendeu a oferta total no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 14% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.

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