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Brasileiros protestam em Nagoya: passeata inédita em 20 anos. | Divulgação
Brasileiros protestam em Nagoya: passeata inédita em 20 anos.| Foto: Divulgação
  • Brasileiros vivendo no Japão

A onda de desemprego entre os brasileiros vivendo no Japão deu origem a rumores de que muitos deles estariam vivendo debaixo de pontes e dormindo dentro de automóveis nas ruas. Volta e meia surge a notícia, falsa, de que o consulado brasileiro está distribuindo passagens, ou que a Força Aérea Brasileira (FAB) enviará um avião para resgatar os dekasseguis.

Apesar dos boatos, é verdade que há gente que precisa de ajuda para se manter – inclusive um número pequeno de sem-teto. A ONG Associação Amigos do Brasil calcula que 40% dos cerca de 20 mil brasileiros que vivem na província de Gifu perderam o emprego desde outubro. As maiores dificuldades são enfrentadas por aqueles que viviam em alojamentos ou apartamentos alugados pelas empreiteiras. "As pessoas têm procurado amparo principalmente nas igrejas. Algumas cidades estão abrindo inscrições dos apartamentos públicos vazios e também há muitos brasileiros tentando negociar um desconto nos aluguéis", descreve Edilson Kinjo, presidente da Amigos do Brasil.

Com o agravamento da crise, o comunidade brasileira também passou a se organizar melhor. Em várias cidades há campanhas de coleta de alimentos para serem distribuídos a famílias. Voluntários ajudam na procura de empregos no sistema público, chamado de Hello Work. Em janeiro, a comunidade fez uma passeata em Nagoya, capital da província de Aichi, que tem a maior concentração de brasileiros no país, algo inédito nos 20 anos de imigração para o Japão. "Este movimento foi muito importante pois a cobertura da mídia faz a sociedade japonesa tomar conhecimento da nossa existência e de nossos problemas", diz Kinjo.

Resposta

Há pouco mais de uma semana, o embaixador do Japão em Brasília, Ken Shimanouchi, enviou uma carta ao governo do Brasil em que apresenta cinco medidas que estão sendo tomadas para minimizar os efeitos da crise sobre os imigrantes brasileiros. O texto descreve os nikkeis como "indispensáveis para o desenvolvimento da economia local" e afirma que "contribuem para a diversidade cultural do Japão". As metas do governo japonês são oferecer auxílio em educação, emprego, habitação, para o retorno ao país de origem e a melhor divulgação de informações.

Em educação, um dos esforços será para a recepção de crianças e adolescentes que estudavam em escolas brasileiras. Com o desemprego, muitos pais tiraram os filhos de colégios particulares – somente nas instituições ligadas à Associação de Escolas Brasileiras no Japão (AEBJ), que reúne metade das escolas voltadas para o público dekassegui, as matrículas caíram de 6,3 mil para 3 mil nas últimas semanas. Essas crianças têm pouco conhecimento do japonês, pois estudavam o currículo brasileiro, mas têm o direito de frequentar as escolas públicas do país. O plano do governo prevê orientação aos pais, classes especiais e a contratação de assistentes para ajudar com a língua.

Para melhorar as chances dos brasileiros no mercado de trabalho, o governo japonês diz que vai facilitar as ferramentas públicas de recolocação, como nas agências do Hello Work, investir em treinamento e apoiar as iniciativas locais de geração de emprego – alguns brasileiros têm conseguido trabalho na coleta de lixo, poda de árvores e outros serviços municipais.

O problema de moradia fez com que muitas prefeituras acelerassem a ocupação de apartamentos públicos vazios – é comum que cada cidade ofereça aluguéis subsidiados em condomínios chamados de "danchis". O governo japonês promete ajudar as autoridades locais na missão de encontrar lugares que possam abrigar estrangeiros desempregados.

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