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| Foto: Daniel Sorrentino/Divulgação

Uma bancada para aulas ao ar livre, uma cadeira para ser vendida pela web, um lacre seguro para recipientes químicos, um novo mobiliário infantil ou uma luva divertida que disfarça a seringa anestésica do dentista: os projetos do Programa Paraná Inovador pelo Design começam a entrar no mercado e agregar valor a itens de prateleira. São 53 produtos finalizados, resultado de dois anos de um trabalho de sensibilização de pequenos e médios empresários em rodadas de oficinas e workshops promovidos pelo Centro Brasil Design (CBD) desde 2012.

A iniciativa, bancada pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior com recursos do Fundo Paraná, tem como objetivo promover a inovação na economia paranaense por meio do tripé academia, mercado e órgão público. “Essa fórmula é definitiva para alcançar a inovação necessária a fim de estimular o crescimento econômico”, aponta o coordenador da unidade gestora do Fundo Paraná, Luiz Cézar Kawano.

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A primeira edição do programa ainda está em fase de fechamento e análise dos resultados, considerados bastante positivos até agora. Para o futuro, serão feitos ajustes já discutidos durante a execução do Paraná Inovador pelo Design, como a inclusão de estudantes dos cursos de Design das universidades estaduais do Paraná. “Isso vai ampliar ainda mais a integração entre as três esferas”, diz Kawano.

Pé na estrada

Com R$ 1,3 milhão para investimentos ao longo de três anos de trabalho, o CBD percorreu 14 cidades paranaenses para identificar oportunidades de inovação e empresas dispostas a investir na cultura do design e desenvolver novos produtos, serviços e processos. A mobilização incluiu visitas a empresas, realização de palestras e eventos para a divulgação dos resultados alcançados por quem investe na profissionalização da produção. Das 557 impactadas pelo programa, 143 chegaram ao diagnóstico de prática do design em seus processos. E 53 formalizaram a adesão. “O empresário que participou teve uma consultoria completa sobre suas necessidades e como suas ideias inovadoras poderiam sair do papel e serem aplicadas”, explica a coordenadora de projetos do CBD, Claudia Ishikawa.

A avaliação preliminar da ideia de cada empresa foi feita pelos profissionais do centro, na consultoria inicial sobre a cultura e prática do design. Assim, o empresário pôde ter as orientações necessárias para desenhar o esboço do projeto, além de noções de orçamento e prazos para execução, reduzindo os riscos do investimento. “Todo novo projeto tem um risco embutido, que a consultoria inicial procurava minimizar. Cada um assinou um termo de compromisso para a contratação de um escritório especializado para o desenvolvimento das ideias inovadoras, o que garantia a profissionalização proposta pelo programa”, explica Cláudia.

A partir da contratação do escritório, o núcleo do CBD mantinha o acompanhamento do projeto. Na avaliação dela, o resultado de 53 empresas fecha com a meta estabelecida no início do trabalho.

  • A Angelus desenvolveu luvas para revestir as seringas carpule, usadas na para aplicação de anestesia em procedimentos odontológicos.
  • A cadeira ZIP foi desenvolvida pela Movelaria Paranista. Projetada para atender o mercado de venda on-line, adequada a distribuição pelos Correios ou transportadoras, permite alcançar clientes em quaisquer endereços no Brasil e no mercado externo pela facilidade do transporte.
  • A indústria Verona, fabricante da marca Freso, criou um fraldário basculante, para ser pendurado na parede em locais públicos, feito de plástico e em duas peças.
  • Na linha de facilidades, a Qualinova lançou o EcoTampas, em que uma porção individual de alimento em pó pronto para ser diluído, é acoplado em qualquer garrafa PET de água mineral, deixando o alimento pronto para consumo.
  • A Henry, fabricante de equipamentos eletrônicos, desenvolveu o Argos, um sistema de controle de acesso, com reconhecimento de impressão digital, leitor de íris e cartão de proximidade.
  • A empresa de mobiliários Habitable desenvolveu a luminária Perereca e poltrona Serrinha, produzidas em madeira maciça, e que contam com a assinatura do designer Carlos Eduardo Silva
  • A Vitaya Alimentos desenvolveu o projeto Embalagens Adivita – petiscos orgânicos para pet, onde confeccionou embalagem, display e caixa para transporte de petiscos orgânicos para cães. As embalagens, por exemplo, são em papel reciclado e kraft.
  • Marca de design de Curitiba, a Suiane Maria aproveitou a revitalização da Rua São Francisco, onde está instalada, e apostou em uma nova linha de lembranças da cidade. A estampa pinhão foi trabalhada em diferentes peças.

Da cópia à patente

Com 24 anos de atividade, a Incapack, empresa de embalagens plásticas sopradas de Curitiba, com 120 funcionários e produção de 50 toneladas de produtos por mês, desenvolveu a cultura do design ao longo da sua trajetória.

Da cópia do modelo trazido pelo cliente ao desenvolvimento de exemplares próprios, a fábrica de frascos para a indústria química, cosmética, farmacêutica e laboratorial chegou a um produto inovador durante a participação do programa coordenado pelo Centro Brasil Design.

“Entendo a importância do design e seus resultados na nossa produção. Há 12 anos terceirizamos esse departamento e recentemente criamos um núcleo interno”, explica o empresário Ivo Kracker.

Durante o programa, a Incapack desenvolveu a Top Seal, um sistema de lacre que aprimora o funcionamento do modelo catraca e dá mais confiança no uso pelo consumidor final. O projeto está patenteado mas ainda não foi viabilizado para produção por um dos maiores clientes da empresa. A experiência deu a base para o desenvolvimento de uma segunda versão, mais barata e que entrou no portfólio da Incapack. “Trabalhamos com dois conceitos diferentes, de tampa e lacre, e uso de materiais distintos. O segundo projeto foi muito mais rápido”, conta.

Em média, Kracker aplica menos de 1% do faturamento da empresa em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos e processos. “Não temos como expandir sem inovações proporcionadas pelo design. É o que nos abastece de novos materiais para participar de feiras especializadas e conquistar a clientela”, diz.

APF
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