Regiões urbanizadas e consumidores de alto poder aquisitivo ainda são os grandes responsáveis pela onda dos cafés premium. Mas as classes C,D e E estão chegando lá e também geram potencial de negócios.| Foto: Brunno Covello/ArquivoGazeta do Povo

Nem a crise econômica foi capaz de abalar o gosto do brasileiro por um cafézinho. Nos últimos dois anos, o consumo da bebida cresceu de forma constante. Para não largar o pó, muita gente trocou de marca para uma versão mais barata. Mesmo assim, a moda dos cafés especiais passou incólume às tempestades econômicas. E, adivinha só: tudo indica que ela veio para ficar. 

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Regiões urbanizadas e consumidores de alto poder aquisitivo ainda são os grandes responsáveis pela onda dos cafés premium, indica um relatório da Euromonitor (que estudou as tendências no mercado de café, no Brasil). Mas, aos poucos, estes produtos passam a atrair a atenção de novos consumidores. O que gera mais oportunidades de negócios

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Inspire-se! Conheça 5 franquias que trabalham com cafés especiais

Foi de olho nas classes C, D e até E que o mineiro Wilton Bezerra lançou, em 2014, a Cheirin Bão. 

Os melhores cafés iam embora do Brasil, e aqui ficava só o resto. Analisando, a gente percebeu que existiam algumas cafeterias que trabalhavam com café gourmet, com foco na classe A. Geralmente nas regiões nobras, áreas VIPs de aeroportos. Então pensamos em criar uma linha mais popular.

A marca fabrica os próprios cafés, todos produzidos na região Sul de Minas Gerais. Mas vender café especial a um preço baixo parece lindo, na teoria. Mas não é simples. A começar pela competição com a exportação. 

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Entre janeiro e maio deste ano 2017, os cafés diferenciados responderam por 14,2% da exportação brasileira, segundo Bezerra. É um volume superior, inclusive, à dos cafés solúveis. E cada saca do "diferenciado" é vendida a uma média de US$ 209 (contra US$ 166 do comum). 

A estratégia da Cheirin Bão foi criar um laço com os produtores locais, da Serra da Mantiqueira. Em outra frente, resolveu vender seus produtos em lojas da própria marca, abertas pelo sistema de franquias. Agregou ao café a venda de outros produtos mineiros, e assim criou um modelo de negócios que permite a venda de cafés especiais a um preço competitivo, similar ao dos cafés comuns vendidos pelos concorrentes. 

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Oportunidades no horizonte 

Hoje, boa parte das oportunidades de negócios no ramo dos cafés especiais está no varejo. Não por acaso. Quem consome produtos premium quase sempre está na rua. A participação do cafézinho de casa no mundo dos produtos especiais ainda é muito pequena. 

Mas pode crescer. A Euromonitor aposta em uma popularização das máquinas de moer, o que pode impulsionar o consumo de grãos gourmet, e aumentar o consumo das bebidas especiais no conforto do lar. 

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Processo similar ao que aconteceu com as cápsulas. A queda da patente da Nespresso popularizou (e barateou) estas máquinas, jogando o consumo nas alturas. Foram seis bilhões de cápsulas vendidas, no Brasil, em 2014. Este número deve dobrar, até 2019. 

Processo educativo 

Mas o aumento na venda de cafés especiais não depende só de barateamento tecnológico. Há um componente educativo, de escolha do consumidor, a partir do momento em que ele passa a se informar sobre os diferentes tipos, e a exigir uma bebida mais "pura". 

Nesse quesito, a produção nacional têm muito a aprender com os colombianos. Em 2002, a Federação dos Produtores de Café da Colômbia fundou a Juan Valdez Café, inicialmente com o objetivo de fortalecer os produtores em negociações comerciais. 

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A Juan Valdez tornou-se uma referência de cafés especiais, com um investimento massivo em marketing e em ações educativas.

Pesquisadores da Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, atribuem à marca boa parte do sucesso colombiano em se impor como uma referência de qualidade: 

Juan Valdez alavancou seu relacionamento com os produtores de café do país e educou seus consumidores, estabelecendo-se assim como marca premium do café colombiano e criando, simultaneamente, um novo ecossistema para o consumo de café.

Onda mundial

A percepção do café como um produto artesanal, com diferentes atributos de torra, método de preparo e padrões de qualidade começou a ganhar força no início dos anos 2000. Foi quando nasceu a expressão “Terceira Onda do Café”, que, no Brasil, só começou a dar sinais de vida por volta de 2012.

A moda veio ancorada na abertura de cafeterias independentes, com a proposta de vender produtos diferenciados. É, em parte, o que explica o golpe em grandes redes, como o Starbucks, que chegou a fechar 600 lojas, nos Estados Unidos, no ano de 2008.

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O que era uma moda hoje é uma realidade do mercado de café. É o que constata o Relatório Internacional de Tendências do Café, publicado em abril do ano passado (2016) pelo Bureau de Inteligência Competitiva do Café da Universidade Federal de Lavras (UFLA). A conclusão é de que a terceira onda não é uma moda:

A terceira onda do café não é uma tendência isolada. Vários outros produtos passam por um processo de aumento da qualidade, como a cerveja e o chocolate. Há alguns anos, no Brasil, era muito difícil encontrar cervejas artesanais ou chocolates gourmet. Hoje, até as cidades com menos de 100 mil habitantes já contam com algumas opções desses produtos, e, também, de cafés especiais. Isso evidencia que o consumidor realmente está mais exigente e disposto a pagar por qualidade. E essa mudança é permanente, o que fará da terceira onda do café algo duradouro.

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Conheça 5 franquias que trabalham com cafés especiais 

Scada Cafés Especiais 

Área mínima: 12 m² para quiosque / 30 m² para loja 

Investimento inicial: R$ 250 mil a R$ 450 mil 

Taxa de franquia: R$ 40 mil

Royalties: 6% do Faturamento Bruto 

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Fundo de publicidade: Isento 

Faturamento médio: R$ 65 mil 

Estimativa de Retorno: 36 meses  

Sterna Café 

Loja

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Modelo: 40 m² 

Taxa de Franquia: R$ 30 mil 

Royalties: 4% 

Fup: 1% 

Estrutura: R$ 150 mil 

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Equipamentos: R$ 40 mil 

Estoque inicial: R$ 10 mil 

Mobiliário: R$ 10 mil

Total Capital: R$ 245 mil 

de Giro: R$ 10 mil

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Retorno do investimento: De 24 a 36 meses 

Quiosque

Modelo: 20 m²

Taxa de Franquia: R$ 20 mil 

Royalties: 4% 

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Fup: 1% 

Estrutura: R$ 43 mil

Equipamentos: R$ 30 mil

Estoque inicial: R$ 6 mil 

Total Capital: R$ 99 mil 

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de Giro: R$ 10 mil

Retorno do investimento: De 24 a 36 meses 

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Liquori Caffè Gourmet 

Lojas de até 40 m²

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Taxa de franquia: R$ 40 mil

Capital de giro: R$ 50 mil

Royalties: 1% a 4% do faturamento

Publicidade: 1% do faturamento

Investimento da obra: aproximadamente R$ 230 mil

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(sem valor do ponto comercial)

Lojas de 40 m² a 60 m²

Taxa de franquia: R$ 40 mil

Capital de giro: R$ 50 mil

Royalties: 1% a 4% do faturamento

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Publicidade: 1% do faturamento

Investimento da obra: aproximadamente R$ 350 mil

(sem valor do ponto comercial)

Cheirin Bão 

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Investimento inicial para quiosques: R$ 79 mil. 

Inclusos taxa de franquia, quiosque, equipamentos para preparo do café, treinamento e insumos. 

Retorno de investimento: 3 a 11 meses 

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Mr. Black Café Gourmet 

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Quiosque 

Espaço entre 15 m² e 60 m², que pode ser em shopping center, supermercado, prédios comerciais, faculdades e hospitais | Taxa de franquia: R$ 35 mil

Maquinário, mobiliário e utensílios: entre R$ 120 mil a R$ 160 mil 

Capital de giro: R$ 15 mil 

Investimento total estimado: entre R$180 mil a 220 mil

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Loja em Shopping 

Espaço entre 20 m² e 45 m²

Taxa de franquia: R$ 35 mil 

Maquinário, mobiliário e utensílios: entre R$ 150 mil a R$ 200 mil 

Capital de giro: R$ 15 mil 

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Investimento total estimado: entre R$ 210 mil a R$ 260 mil

Loja de Rua 

Espaço entre 50 m² a 80 m²

Taxa de franquia: R$ 35 mil 

Maquinário, mobiliário e utensílios: entre R$ 13 mil a R$ 180 mil 

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Capital de giro R$ 15 mil 

Investimento total estimado: entre R$ 190 mil a R$ 240 mil

Loja de Rua com Restaurante 

Espaço entre 60 m² a 100 m² 

Taxa de franquia: R$ 45 mil

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Maquinário, mobiliário e utensílios: entre R$ 150 mil a R$ 225 mil 

Capital de giro R$ 20 mil 

Investimento total estimado: entre R$ 225 mil a R$ 300 mil