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Salário cresceu 3,39%

As pessoas permanecem ganhando mais a cada ano que passa. A média salarial dos que se declararam ocupados aumentou 3,39% no Brasil, de 2007 para 2008. O brasileiro ganhava R$ 855 e, no ano passado passou a receber R$ 937. No Paraná, o aumento foi mais tímido, de 1,63% – em ambos os casos foram descontados os efeitos inflacionários. Por outro lado, a média salarial dos paranaenses é melhor do que a dos brasileiros: quem trabalhava no estado ganhou, em média, R$ 1.046 no ano passado. "Eu diria que quando a renda é mais elevada, não importa que o aumento salarial seja mais tímido. É preciso apenas que haja o crescimento", explica o economista Masimo Della Justina, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Historicamente, de 1998 para 2008, o Paraná teve um salto maior no rendimento médio: em dez anos, os paranaenses ocupados receberam um aumento salarial de 34,4%, enquanto que os brasileiros tiveram apenas 7% de acréscimo financeiro nesse mesmo período. "O Paraná é um estado que tem uma economia agrícola e pecuarista bem forte e que está estruturada. É normal que apresente uma média melhor", afirma Justina.

Outro dado interessante da Pnad é o número de pessoas que optaram, em 2008, por ter mais de um emprego: nestes casos, o salário passa do dobro do valor. Por exemplo: um paranaense que ganhava, em média, R$ 1.091 em 2008 com o segundo emprego passa a receber R$ 2.391, 119,15% a mais. (PM)

É nos altos cargos executivos que as mulheres paranaenses estão conseguindo uma posição financeira melhor do que a dos homens: quando o salário ultrapassa a faixa dos 20 salários mínimos, são elas que recebem o pagamento mais pomposo no fim do mês – ganham, em média, R$ 14.549, contra os R$ 12.922 pagos à classe masculina.

Na média brasileira, em nenhuma faixa salarial o sexo feminino consegue ganhar mais que o masculino. Apenas outros seis estados conseguem repetir o feito paranaense. São eles: Santa Catarina, Minas Gerais, Acre, Alagoas, Espírito Santo e Tocantins. Os dados foram divulgados ontem pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008, feita com 391.868 pessoas em 150.591 unidades domiciliares no país.

Altos índices de escolarização (sempre mais de 15 anos de estudo), acesso ao mercado de trabalho em idade madura e carreira em concurso público são os três principais motivos que explicam porque a mulher da classe alta, nos sete estados, já ganha mais do que o homem. "As atividades que têm menor poder de discriminação são as de carreiras públicas, onde a questão do sexo não é levada em conta. No setor privado, os homens ainda são os mais valorizados no Brasil", explica a economista Maria Cristina Cacciamali, professora da Universidade de São Paulo (USP).

A executiva Regina Arns, presidente do Espaço Mulher Executiva, é um exemplo de executiva paranaense que ganha normalmente mais do que os homens da mesma classe social. "As mulheres ganham mais porque estudam por um tempo maior e entram no mercado de trabalho mais maduras. Isso reflete no resultado financeiro da empresa: pesquisas mostram que elas são mais flexíveis e sensíveis, sabem gerenciar conflitos, o que contribuiu para um trabalho mais humano", afirma Regina, que participa de uma pesquisa no estado para ver o comportamento do mercado de trabalho em relação ao sexo feminino

De acordo com a pesquisa, além do acesso aos cargos públicos, especificamente no Paraná as mulheres conseguem se posicionar bem na iniciativa privada. "O problema brasileiro é da dupla ou tripla jornada da mulher, que não permite a ela ser reconhecida neste network. Ainda é um desafio fazer com que esta mulher seja lembrada na hora que surge a vaga. Ela não consegue tempo para fazer parte constante deste grupo social", diz Regina.

Nos últimos dez anos, as mulheres do Paraná também foram as que mais conseguiram ter acesso ao mercado de trabalho: aumentou em 11,37% a presença feminina nos empregos, enquanto houve uma queda de 4,89% dos homens que se declararam ocupados entre 1998 e 2008. "Isso é uma tendência, que pode ser explicada por diversos motivos", afirma o economista Masimo Della Justina, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

A mulher pode ter mais acesso porque recebe um salário menor. Outra questão é que os homens, com mais formação, estão abrindo o seu próprio negócio e deixando as vagas assalariadas às mulheres. O terceiro fator, segundo Justina, é que elas estão ascendendo socialmente, o que inclui o acesso ao mercado de trabalho. "Sou a favor da reforma trabalhista no Brasil, que permita ao empregador registrar um funcionário com seis, quatro horas de trabalhos diários. Isso daria mais independência a elas que enfrentam a dupla jornada e, consequentemente, mais acesso ao emprego", explica Justina.

Números nacionais

A Pnad revelou ainda a taxa de desemprego mais baixa da série histórica, de 7,2%, crescimento do emprego com carteira assinada e aumento da renda média real (leia mais sobre este item nesta página). "Não podemos esquecer que a pesquisa foi feita na última semana de setembro, quando a crise ainda não tinha atingido o Brasil. Até então, os índices estavam muito bons. Foi o último período de pujança antes da crise", afirma o analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Luis Alceu Paganotto.

O Paraná teve, pelo primeiro ano, o maior índice de pessoas que contribuíram com a previdência: 57% dos paranenses ocupados tinham a carteira de trabalho assinada no ano passado. "Não acredito, mesmo com a crise, que teremos uma queda no número de carteiras assinadas. Até porque, é uma tendência: quem contrata, está fazendo o registro", diz a economista Maria Cristina.

Em relação ao desemprego, o Paraná manteve um bom ritmo nos últimos dez anos – sem levar em conta a crise financeira. Em 1998, 7,6% da população economicamente ativa estava desocupada, no ano passado era 4,6%.

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