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Quem faz

Ano de fundação: 2002

Em que área atua: TI, games e simuladores

Cidade: Londrina

Quanto fatura: R$ 1,6 milhão em 2012

Quem são os donos: Rodrigo Martins e Nicholas Bender Haydu

Funcionários: 25

Quanto espera crescer em 2013: 25%

Por que é bem feito: Porque soube se transformar, deixando de lado a área de entretenimento e investindo em games e simuladores para empresas quando esse ramo quase não existia no país.

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Joysticks usados em simuladores da Oniria Software: divisão responde por 70% das receitas da empresa. Os outros 30% vêm da área de games para treinamento, os
Elaboração de um novo simulador para a Petrobras: estatal é um dos principais clientes da Oniria, tanto em simuladores quanto em games de treinamento
No monitor, vídeo usado em simulador de máquina colhedora de cana da Case IH: com o sucesso do produto, a Oniria pensa em construir uma fábrica para a produção em série
À direita, imagem de máquina colhetora de cana da Case IH; à esquerda, caminhão da companhia elétrica Elektro, outro cliente da Oniria
À direita, Nicholas Bender Haydu, sócio da Oniria e diretor da divisão de simuladores da empresa. À esquerda, Rodrigo Martins, sócio e diretor da divisão de

Criada por "gamemaníacos" que se conheceram na Universidade Estadual de Londrina, a Oniria Software teve de abandonar a área de entretenimento para sobreviver. Hoje, contratada por empresas como Petrobras e Vale, faz sucesso com jogos de treinamento e simuladores.

Ser apaixonado pelo que faz não garante o sucesso. Os fanáticos por games que há 11 anos se uniram para criar a Oniria Software sofreram um grande tombo antes de assimilar essa lição. Tiveram de reinventar o negócio, "adaptando" a paixão à realidade do mercado. Hoje a companhia é considerada uma das pequenas empresas mais inovadoras do país, e cresce a uma velocidade que logo deve promovê-la de categoria.

Especializada em simuladores e games para o mercado corporativo, a Oniria faturou R$ 1,5 milhão em 2012 e espera chegar a R$ 2 milhões neste ano. Se continuar nesse ritmo, em no máximo três anos vai ultrapassar a marca dos R$ 3,6 milhões, que divide as firmas pequenas das médias.

Com clientes como Case New Holland, Vale e Petrobras no portfólio, a empresa tem 25 funcionários, e está à procura de uma nova sede. A atual, de 400 metros quadrados, está ficando pequena. Falta espaço principalmente para a montagem dos simuladores, equipamentos que já respondem por 70% das receitas.

Ascensão e queda

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A Oniria foi fundada em 2002, dentro da incubadora tecnológica da Universidade Estadual de Londrina (UEL), por 15 universitários. A intenção era desbravar o mercado de games, até então pouco explorado por companhias nacionais. Deu certo por um tempo. Um de seus jogos, o Die Pferdebande, baseado em um romance infantojuvenil, foi um dos mais vendidos na Alemanha em 2005. Mas, no ano seguinte, o Omniscire, inspirado na estética dos animes e mangás japoneses, fracassou – e um grande investimento ficou sem retorno.

Reestruturação

O tombo, bem na época em que deixou a incubadora, obrigou a Oniria a repensar sua atuação. Sem dinheiro, passou de uma pequena sala para uma sala menor ainda. E tomou a decisão que mudou sua história: resolveu abandonar o mercado de entretenimento e se concentrar em serious games, jogos desenvolvidos sob encomenda de empresas, para fins como treinamento, educação e marketing.

"Os games são a nossa paixão, mas o mercado de entretenimento tem muitas barreiras de entrada. Tivemos de abrir mão", conta Nicholas Bender Haydu, um dos donos da Oniria, diretor da divisão de simuladores. "Não podíamos fazer investimentos de risco o tempo todo", complementa Rodrigo Martins, seu sócio, que comanda a área de serious games.

Antes da mudança de foco, a Oniria já tinha feito alguns "jogos sérios" – entre eles, o Coca-Cola SuperCoach, usado pela multinacional em sua campanha de marketing para a Copa do Mundo de 2006. A aposta nessa área se mostrou acertada e, mais tarde, ajudou a empresa a entrar no ramo de simuladores.

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Crescendo mais de 30% ao ano desde a reestruturação, a Oniria pode se dar ao luxo de, discretamente, voltar a atuar com entretenimento: está desenvolvendo um game para a linha Ultrabook, da Intel.

Nos simuladores, realismo. Nos games, criatividade

À primeira vista, não parece haver muita diferença entre simuladores e games de treinamento. Ambos se valem de softwares que de alguma forma recriam a realidade, e podem ajudar as empresas a economizar o tempo e o dinheiro que seriam gastos em processos "reais". Mas há um ponto fundamental que os distingue: um produto busca o realismo, o outro privilegia a solução criativa.

"No simulador, a ideia é recriar uma situação com o máximo de exatidão. Em um serious game, o objetivo é transformar um processo complexo ou moroso – um treinamento, por exemplo – em algo mais atraente, mais interativo, que estimule a pessoa a se engajar", explica Rodrigo Martins, sócio da Oniria.

Desde sua reestruturação, em 2007, a empresa produziu dezenas de serious games, uma lista que inclui clientes de peso como Ford, Petrobras, Editora Abril e Econorte. Hoje essa divisão responde por 30% do faturamento. Um dos jogos mais recentes é o InsuOnline, que ensina médicos a prescrever insulina a pacientes diabéticos, desenvolvido em parceria com Leandro Diehl, professor de Medicina da UEL e doutorando na Faculdade Pequeno Príncipe, de Curitiba.

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A entrada no ramo de simuladores ocorreu em 2008. A Petrobras precisava treinar funcionários para operar guindastes em plataformas flutuantes, atividade de alto risco, e queria que um fornecedor nacional desenvolvesse um equipamento que simulasse essa operação. Apenas três se candidataram, e a Oniria venceu a licitação, de aproximadamente R$ 1 milhão.

A experiência abriu caminho para outros contratos. A boa aceitação de um dos simuladores, de uma máquina colhedora de cana da Case IH, leva a Oniria a estudar a construção de uma fábrica para a produção em série. Ela entregou 15 unidades desde 2012, e vai concluir pelo menos mais dez até o fim deste ano.