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O ex-corretor de bolsa francês, Jérôme Kerviel, cuja apelação judicial teve início nesta segunda-feira (4) em Paris, afirmou que não é responsável pela perda recorde de quase 5 bilhões de euros registrada em 2008 pelo banco Société Générale, para o qual trabalhava, e disse ser apenas um bode expiatório do banco.

"Considero que não sou responsável por esta perda, nem pelos atos que me são imputados, pois meus superiores sempre tiveram conhecimento de minha atuação", afirmou Kerviel quando o presidente do tribunal o interrogou sobre as razões do recurso em apelação da sentença de seu primeiro julgamento pronunciada em 2010.

Anteriormente, Kervil havia se apresentado perante o tribunal declarando-se "sem profissão há um ano" e "atualmente" sem renda.

Único acusado neste caso, Kerviel chegou ao tribunal meia hora antes do início do julgamento, acompanhado por seu advogado e em meio a uma mobilização de muitos jornalistas.

Em primeira instância, o tribunal julgou que Kerviel era o único responsável pela perda de cinco bilhões de euros, que quase afundou o banco no início de 2008, e o condenou a cinco anos de prisão e a pagar uma gigantesca indenização por perdas e danos de 4,9 bilhões de euros.

Ele é acusado de ter realizado operações especulativas enormes em mercados de risco sem autorização de seus superiores e de ter burlado os controles de seu banco com operações fictícias, documentos falsos e mentiras.

Nas três semanas de audiências do primeiro processo, realizado em junho de 2010, Jérôme Kerviel e Olivier Metzner, seus advogados na época, tentaram em vão demonstrar que o banco sabia o que seu corretor fazia e que inclusive o incentivava a assumir riscos e fechava os olhos para estas operações enquanto as mesmas geravam lucros.

Kerviel foi para muitos um símbolo dos excessos do sistema financeiro global, que ele descreveu como uma "grande orgia bancária", e até mesmo tornou-se um herói 'cult' na França.

O ex-corretor, de 35 anos de idade e natural de uma pequena cidade da Brittany, não obteve nenhum lucro particular com as operações não autorizadas de um total de 50 bilhões de euros a descoberto no mercado futuro.

Apesar de condenado em 2010, Kerviel ainda não cumpriu pena. Caso seu recurso de apelação seja indeferido, o ex-trader pode pegar até cinco anos de prisão.

Ao ser perguntado pelo juiz Mireille Filippini sobre a carta de conduta ética que os corretores assinam antes de obterem autorização de negociar no mercado e na qual eles prometem não prejudicar os interesses das instituições, Kerviel respondeu: "Para ser sincero, não li a carta na época".

A audiência deve prosseguir até 28 de junho. As deliberações da corte têm se concentrado no limite de risco que os operadores da bolsa são oficialmente autorizados a assumir, de até 125 milhões de euros em um único dia.

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