Ao romper com a Prevent, Volkswagen antecipou férias coletivas nas fábricas do Paraná (foto) e de São Paulo.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Fabricante de autopeças envolvida em uma tensa disputa comercial com a Volkswagen, que nesta segunda-feira (8) anunciou a rescisão dos contratos, a multinacional alemã Prevent fechou uma fábrica no Paraná em meados de junho.

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A unidade – que originalmente pertencia à Keiper, comprada pela Prevent em 2015 – produzia estruturas metálicas para bancos em um condomínio industrial nas proximidades do Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. A produção foi deslocada para uma fábrica em Mauá, na Grande São Paulo.

Aberta em 2004, a fábrica paranaense tinha 7 mil metros quadrados e empregava 120 pessoas na data do fechamento. O quadro de pessoal encolheu nos últimos anos: em 2012, eram 280 funcionários.

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Fachada da fábrica da Keiper em São José dos Pinhais: unidade funcionou por 12 anos. 

Segundo o advogado da Prevent, Cesar Hipólito Pereira, a companhia decidiu fechar a unidade paranaense e concentrar a produção em uma única fábrica para cortar custos. “A Volkswagen diminuiu volume de pedidos, que já não justificava a manutenção da fábrica”, disse.

O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) diz que a Prevent comunicou o encerramento das atividades com antecedência e dispensou os trabalhadores em meados de junho, quando eles voltaram de um período de férias coletivas. A empresa pagou as verbas rescisórias e três meses de vale-mercado.

Os trabalhadores paranaenses, no entanto, não receberam o mesmo pacote de benefícios que os funcionários da Fameq, de São Paulo, que foi comprada – e fechada – pela Prevent no mês passado.

Surpreendida por uma mobilização de trabalhadores que flagraram a retirada de equipamentos da fábrica da Fameq, a Prevent aceitou pagar, além das verbas rescisórias, R$ 10 mil para cada um e cesta básica e assistência médica por 12 meses.

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“Estamos verificando se existe a possibilidade de entrar com uma ação para favorecer os trabalhadores daqui também”, diz Cláudio Gramm, diretor do SMC.

Aquisições em série

Segundo Pereira, advogado da Prevent, as atividades da Fameq foram transferidas para Araçariguama, no interior de São Paulo, também para reduzir custos. Destacando que a Fameq passava por dificuldades financeiras, ele negou que a Prevent esteja comprando várias empresas a fim de monopolizar o fornecimento de determinadas peças automotivas.

De 2015 para cá, o conglomerado comprou 11 fábricas de seis empresas instaladas em São Paulo, Minas Gerais e Paraná – além da Keiper e da Fameq, foram adquiridas Cavelagni, Mardel, Tower Automotive e TWB, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

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As empresas adquiridas produzem discos de freios, peças estampadas, couro, bancos e estruturas metálicas de bancos, entre outros produtos.

Pé de guerra

Segundo a Volkswagen, a Prevent “reiteradamente faz solicitações de aumento de preços e pagamento injustificado de valores” e suspendeu a entrega de peças em diversas ocasiões. Ao romper os contratos com a parceira, a montadora antecipou para agosto férias coletivas em suas fábricas, inclusive na de São José dos Pinhais.

A Prevent admite a busca por reajustes, segundo ela relacionados ao aumento de custos das matérias-primas, mas afirma que estava produzindo e entregando normalmente as peças. A Fiat também teve problemas com o fornecedor, mas disse ter chegado a um acordo com ele.