São Paulo - O investidor viu em junho o estreitamento da diferença entre a rentabilidade dos fundos DI e de renda fixa (que rendem juros) e a poupança. Com a redução da taxa básica da economia, a Selic, para 9,25% ao ano, os juros oferecidos pelos fundos encolheram mais um pouco, fortalecendo a concorrente caderneta de poupança.
No mês que se encerrou, os fundos DI, que são os que acompanham mais de perto a oscilação da taxa básica Selic, tiveram rendimento bruto (sem descontar a taxa de administração e o Imposto de Renda) de 0,77%. A poupança rendeu 0,57%. Em janeiro, o DI havia pago 1,06%, enquanto a caderneta rendera 0,69%. Ou seja, a vantagem que os fundos sempre tiveram tem encolhido rapidamente.
Com a rentabilidade menor dos fundos, os custos embutidos nessas aplicações passaram a ter mais peso para os investidores. Diferentemente da poupança, quem aplica em um fundo de investimento está sujeito ao pagamento de IR (que pode variar de 15% a 22,5%, dependendo do tempo de manutenção da aplicação) e à cobrança de uma taxa de administração.
Essa taxa, presente em todos os fundos, tem oscilado normalmente entre 1% e 3% ao ano mas há casos em que é bem mais elevada.
"Nesse nível, apenas fundos com taxa de administração entre 0,5% e 1% ao ano vão dar retorno líquido melhor que o oferecido pelo poupança", avalia o administrador de investimentos Fábio Colombo.
"O problema é que o investidor que tem volumes menores para aplicar vai ter dificuldades de encontrar um fundo que cobre uma taxa tão baixa", diz.
No geral, as aplicações que pagam juros foram a melhor opção de junho. Isso porque a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o mês no vermelho, com desvalorização de 3,26%, e o dólar recuou 0,30%.
Concorrência
Ao menos por enquanto a tão temida fuga de recursos para a poupança ainda não ocorreu. Neste mês, até o dia 24, a poupança registrava saída líquida de recursos de R$ 269,1 milhões, segundo levantamento do Banco Central.
Para os bancos, uma migração maciça dos fundos para a poupança não interessa, pois significa, antes de mais nada, a diminuição nos ganhos com a cobrança de taxa de administração. Para o governo, um movimento desse tipo também não é animador: os fundos estão entre os grandes compradores de títulos públicos, que o governo têm de vender para financiar sua dívida.
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