Após nova revisão, Caged passou a mostrar queda no emprego formal em 2020.| Foto: Marcelo Andrade/Arquivo/Gazeta do Povo
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O governo revisou pela segunda vez em menos de um mês os dados do emprego formal em 2020. Com isso, em vez de reportar um aumento na geração de vagas, a estatística oficial passou a mostrar uma redução no emprego com carteira assinada.

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No começo deste ano, o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) informava que o país havia criado quase 143 mil postos formais em 2020, já descontadas as demissões. Mais recentemente, no início de novembro, a geração de vagas no ano passado foi revisada e o saldo positivo, reduzido para 76 mil. Agora, com a nova revisão, a estatística mostra que houve mais demissões que contratações no ano passado, com saldo negativo de 191,5 mil vagas.

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As revisões são provocadas pela incorporação de dados de 2020 enviados com atraso pelas empresas. E reforçam a impressão – de alguns estudiosos do mercado de trabalho – de que os dados das demissões do ano passado poderiam estar sendo subnotificados. Entre outras questões, existe a desconfiança de que muitas empresas fecharam as portas e não avisaram o governo das demissões.

A estranheza em relação aos dados do Caged estava baseada também na discrepância em relação aos números da pesquisa Pnad Contínua, do IBGE, que tem metodologia diferente e desde 2020 já mostrava queda do emprego formal. Segundo analistas, a realidade do mercado de trabalho provavelmente estaria num meio-termo entre a "euforia" do Caged e o "desastre" da Pnad.

“Os dois dados têm potenciais problemas e não conseguimos dar certeza se de fato está ocorrendo [o registrado] ou não”, disse à Gazeta do Povo, em junho, o pesquisador Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Sondagens da instituição indicavam que o mercado não estava tão negativo quanto mostrava a Pnad, nem tão positivo quanto o cenário do Caged.

O dado – até então positivo – do mercado formal em 2020 foi motivo de grande comemoração por parte do ministro da Economia, Paulo Guedes, e de sua equipe, uma vez que os números mostravam a resistência do emprego em meio a uma queda de 4,1% no Produto Interno Bruto (PIB), a pior desde 1990.

O governo atribuía o bom desempenho às medidas de combate à crise, entre elas o programa que permitiu redução de salário e jornada em troca da manutenção de empregos.

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