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PIB de 2023 vai crescer 1,6%, segundo primeira projeção oficial do governo Lula.
PIB de 2023 vai crescer 1,6%, segundo primeira projeção oficial do governo Lula.| Foto: Washington Costa/MF

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou nesta sexta-feira (17) sua primeira projeção oficial para o desempenho da economia brasileira em 2023. Segundo boletim publicado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, a expectativa é de um crescimento de 1,61% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, abaixo dos 2,9% registrados em 2022.

O número é quase meio ponto porcentual menor que a estimativa anterior da SPE para 2023, feita em novembro, ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, a expectativa para o crescimento econômico neste ano era de 2,1%.

Segundo o Boletim Macrofiscal da SPE, uma das principais razões para a revisão é o efeito dos juros sobre a atividade econômica, que teria sido subestimado anteriormente.

Pelo lado positivo, o documento destaca a safra recorde de grãos esperada para este ano e a recuperação da indústria extrativa mineral, graças à retomada do crescimento na China.

Conforme o mesmo relatório, a projeção do governo para o IPCA – a "inflação oficial" – deste ano é de 5,31%, acima dos 4,6% estimados em novembro. "A revisão incorpora um cenário mais realista para os preços de bens e serviços monitorados, com reajustes influenciados pela inflação passada. Nessa revisão, a reoneração da gasolina também já está considerada", diz o texto.

PIB vai subir 2,28% ao ano no governo Lula, segundo a equipe de Haddad

O boletim divulgado nesta sexta também trouxe as projeções da equipe do ministro Fernando Haddad para o PIB de 2024, 2025 e 2026. Para o próximo ano, a expectativa foi reduzida de 2,5%, no relatório anterior, para 2,34%. Para 2025, a projeção subiu de 2,5% para 2,76%. E, para 2026, passou de 2,23% para 2,42%.

Se confirmados os prognósticos da SPE, o crescimento médio do PIB nos quatro anos de governo Lula será de 2,28% ao ano. Nos quatro anos de Bolsonaro (2019-2022), o crescimento médio do PIB foi de 1,41% ao ano, sob o impacto da recessão provocada pela pandemia de coronavírus – em 2020, a economia brasileira encolheu 3,28%.

Entre 2017 e 2018, com o Executivo comandado por Michel Temer (MDB), o PIB cresceu em média 1,55% ao ano. Em 2015 e 2016, quando a economia brasileira enfrentou uma de suas piores recessões, o PIB encolheu 3,42% ao ano, em média – Dilma Rousseff (PT) governou entre 2015 e maio de 2016, e Temer na sequência, após o impeachment.

Governo está mais otimista que mercado e organismos internacionais

Apesar da redução em relação à expectativa anterior, a projeção atual do governo para o PIB de 2023 é mais otimista que as previsões do mercado financeiro e organismos internacionais.

A expectativa mediana dos economistas consultados semanalmente pelo Banco Central é de crescimento de 0,89% neste ano.

Nesta sexta-feira (17), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu sua projeção para o PIB brasileiro em 2023 de 1,2% para 1%. Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) havia feito o oposto, elevando sua estimativa de 1% para 1,2%.

O governo também está mais otimista com a inflação. Enquanto a Fazenda prevê IPCA de 5,31% neste ano, a mediana das expectativas do boletim Focus, do BC, aponta para inflação de 5,96%.

O que deve atrapalhar o PIB em 2023, segundo o governo

A equipe econômica diz que a redução de 0,49 ponto porcentual na projeção oficial para o PIB considerou o arrefecimento de indicadores econômicos de novembro para cá, além dos "efeitos defasados mais intensos da política monetária sobre a atividade e mercado de crédito do que o anteriormente projetado".

"As perspectivas de liquidez reduzida nos EUA e em outras economias também colaboraram para a revisão da projeção anterior", diz a nota.

Conforme a SPE, a desaceleração da economia brasileira deve ocorrer tanto no setor de serviços, afetado pelo alto endividamento e comprometimento de renda da população, quanto na indústria, onde o elevado custo do crédito deve dificultar a rolagem de dívidas e novos investimentos produtivos.

A nota cita ainda a alta de juros em outros países, que prejudica a liquidez e eleva riscos de calote e as incertezas nos mercados de ações.

"Nos Estados Unidos, o deslocamento das curvas futuras de juros já levou à falência de bancos, majorando perspectivas de contágio do setor financeiro global. O aumento da aversão ao risco decorrente desse cenário tem potencial de reduzir a captação bancária e não bancária, prejudicando ainda mais o cenário de crédito e de crescimento", diz a SPE.

O que deve ajudar o PIB em 2023, segundo o governo

Entre os "vetores positivos", além da supersafra de grãos e do crescimento da indústria extrativa, a equipe econômica elenca "medidas de proteção social" que podem ajudar o setor de serviços, como o aumento real do salário mínimo, a ampliação da faixa isenta de Imposto de Renda, os novos benefícios do Bolsa Família e também o programa de renegociação de dívidas Desenrola, que ainda será lançado.

Para a equipe econômica, medidas como essas devem elevar o rendimento real das famílias mais pobres, "levando à redução da pobreza e da desigualdade social, etapa fundamental para garantir um crescimento sustentável no longo prazo".

"Vale notar ainda a extensão dos prazos de carência e de contratação do PEAC-FGI e Pronampe, que podem amenizar o impacto da liquidez reduzida nas micro, pequenas e médias empresas. Para a indústria de construção, novo impulso deve vir com a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida", afirma o texto.

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