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Pátio de concessionária em Curitiba: inadimplência entre compradores de veículos subiu para 5,5% em fevereiro, o maior índice já registrado para o mês. Aumento no calote faz bancos aumentarem os juros cobrados em novos empréstimos | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Pátio de concessionária em Curitiba: inadimplência entre compradores de veículos subiu para 5,5% em fevereiro, o maior índice já registrado para o mês. Aumento no calote faz bancos aumentarem os juros cobrados em novos empréstimos| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

A despeito da queda do juro básico desde agosto do ano passado e dos bons indicadores de emprego e renda, o crédito está cada vez mais caro. Segundo o Banco Central (BC), a inadimplência recorde no financiamento de veículos levou os bancos a adotar uma postura mais conservadora: aumentaram as margens nos empréstimos, o chamado spread, e por consequência as taxas de juros cobradas nessas operações.

Dados apresentados ontem pelo BC mostram que o preço dos financiamentos subiu pelo segundo mês seguido. Na média, o juro avançou de 38% ao ano, em janeiro, para 38,1% em fevereiro. O encarecimento é liderado pelas operações para pessoas físicas, cuja taxa alcançou 45,4% no mês passado. Dado preliminar de março mostra que a tendência de alta segue e o custo já atingiu 45,5% no dia 15, o maior desde setembro.

Veículos

O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, avalia que a inadimplência que resiste em cair é a grande culpada da alta do juro aos clientes, especialmente no crédito para compra de veículos. Nessa operação, o calote subiu de 5,3% em janeiro para 5,5% no mês passado, novo recorde. Boa parte dessa inadimplência, diz Maciel, nasceu em operações realizadas em 2010. Naquele ano, o governo incentivou o crédito via bancos públicos e o total de empréstimos para veículos cresceu impressionantes 49,1%.

A inadimplência geral entre todos os financiamentos para famílias e empresas está estacionada em 5,8%, o pior resultado para fevereiro. Diante do calote alto, bancos estariam "se defendendo" com a aumento das margens. "Bancos estão com uma posição mais cautelosa e mais seletiva", explica Maciel.

"O comportamento do crédito para veículos em 2010 foi exagerado. Agora que o carro deixa de ser uma novidade, as famílias comprometem a renda com outras coisas e o financiamento perde prioridade no fim do mês", diz o professor de Finanças Pessoais do Insper, Ricardo José de Almeida. Ele comenta que atualmente muitos consumidores preferem manter outros pagamentos em dia – como telefonia e internet – porque a recuperação de um carro, pelo banco que deu o financiamento, é mais demorada que o cancelamento de serviços.

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