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Sob pressão desde o início da semana, devido aos potenciais efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia — o Brexit —, a libra esterlina sofreu violenta desvalorização e chegou a perder 10% de seu valor, num movimento iniciado nos mercados asiáticos, que continuou com a abertura dos negócios em Londres. A velocidade da queda deixou perplexos até os operadores de mercado, que classificaram o tombo como um “flash crash” e atribuíram o derretimento da divisa a ordens iniciados por computador.

Nos pregões asiáticos, durante a madrugada dos mercados ocidentais, a libra escorregou de US$ 1,26 para US$ 1,1378. A queda foi revisada para 1,1491 dólar — ainda assim o nível mais baixo desde 1985— pela Thomson Reuters, que detém a plataforma de corretagem de câmbio RTSL, e disse que uma operação atípica tinha sido cancelado. Conforme corretores, ordens de venda disparadas por programas de computador apoiados em algorítimos (fórmulas que comparam cotações e “tomam decisões” de negócios) deflagraram a desvalorização da divisa.

“Venho operando com a libra esterlina desde 1978, passando por cada crise, e nunca nada como isso”, disse ao Financial Times Ian Johnson, estrategista de câmbio da consultoria 4Cast. A moeda voltou para a menor cotação em 31 anos — e deve fechar esta como a pior semana desde janeiro de 2009 — devido à estratégia do Reino Unido para se retirar da União Europeia.

A desvalorização na Ásia veio depois que o presidente francês, François Hollande, disse que a UE precisa permanecer firme com o Reino Unido, após a primeira-ministra britânica, Theresa May, parecia ter optado por uma saída mais dura da Europa. A postura linha-dura de ambas as partes deixou os investidores preocupados com o futuro da libra. “Tem que existir uma ameaça, tem que existir um risco, tem que existir um preço”, disse Hollande em um discurso em Paris. “O Reino Unido decidiu fazer um Brexit, acredito inclusive que um Brexit duro, já que é preciso ir até o fim na vontade dos britânicos de sair da União Europeia”.

“No início, duvidei do que vi na minha tela” disse ao Wall Street Journal o estrategista de câmbio do Mizuho Securities, Kenji Yoshii. A libra não era tão abalada desde o anúncio dos resultados do referendo de 23 de junho no qual a maioria dos britânicos apoiou a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit). Na época caiu 10% e provocou o caos nos mercados financeiros.

“O que ocorreu foi uma loucura — chamem de um crash relâmpago —, mas um movimento desta magnitude mostra até onde a divisa pode baixar”, disse Naeem Aslam, analista de Think Markets, em uma nota citada pela agência Bloomberg News. “A libra esterlina está assombrada por temores de um Brexit duro.”

Estrategista do National Australia Bank, Rodrigo Catril atribuiu o “flash crash”, em entrevista ao “FT”, à combinação de operações de algorítimos com falta de liquidez e alguém atingindo os patamares para parada ou saída dos negócios.

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