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Em novembro do ano passado, uma pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANS) com 700 médicos, gestores e responsáveis por farmácias de 15 capitais brasileiras mostrou que 67% dos médicos consideram as informações de propaganda da indústria de medicamentos na hora da prescrição e que 37,7% deles admitiam estar sujeitos à influência das propagandas, no geral. No campo dos materiais médico-hospitalares o poder de influência do assédio das empresas seria parecido, segundo os especialistas.

Para o coordenador do Centro Paulista de Economia da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (CPES-Unifesp), Marcos Bosi Ferraz, a formação de mais diretrizes técnicas que balizassem a escolha de tratamentos ajudaria os profissionais a melhorarem suas escolhas, e também equilibraria melhor os gastos entre alta tecnologia e os tratamentos mais simples (ainda a maior necessidade do país).

"Novas tecnologias deixam mesmo boa parte dos médicos perdida. No Brasil ainda sofremos com a falta da ‘melhor evidência’, ou seja, um apoio técnico que ajude a definir se um novo medicamento, cirurgia ou medicamento é mesmo eficaz. No desespero, o médico receita um medicamento que pode vir a funcionar, mas que na realidade coloca o paciente em risco e ajuda a aumentar os custos do setor".

Em outubro do ano passado, o Conselho Federal de Medicina (CFM) tomou uma posição importante a respeito do assunto, tomando para si a responsabilidade de regulamentar algo que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) havia feito em junho, sob crítica ferrenha da classe, que temia a interferência dos planos na prática médica. Editou uma resolução proibindo a prescrição de próteses e órteses e outros implantes por marca, como modo de coibir práticas antiéticas ou mesmo pouco eficientes. Pela norma, caso a prótese recebida seja considera inadequada pelo médico, ele pode sugerir três marcas ao plano de saúde. Se a divergência continuar, um médico da especialidade pago pelo plano serve de árbitro.

O diretor-presidente da Unimed Paraná, o médico Orestes Barrozo Pullin, também bate na tecla da melhor formação e valorização do profissional na luta por uma prática ética. "Mesmo um profissional bem formado tem dificuldades em dar um diagnóstico em 15 minutos de consulta. Ao mesmo tempo, preços pagos por alguns planos não estão permitindo que os médicos deem mais atenção a seus pacientes. A boa formação e a valorização ajudariam a impedir práticas abusivas e antiéticas, como a prescrição de medicamentos e materiais por profissionais que caem no lobby das grandes indústrias, e que ajudam a inflacionar o sistema". (FZM)

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