Camila Pimenta Soares, proprietaria da franquia Amiste Café em Curitiba: cafeteiras expressas são as vendings machines mais comuns do mercado.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

De bolinha de chiclete a carro compacto, todo tipo de produto pode ser colocado em uma máquina de venda automática. A conveniência da experiência de compra em uma vending machine movimentou R$ 1 bilhão em 2014 no Brasil e o setor deve crescer até 12% neste ano. O país importa a tecnologia dos grandes mercados fornecedores – Estados Unidos e Europa – e faz as adaptações necessárias para aplicar o conceito em novos modelos de negócio ,seja como canal de venda no varejo ou ferramenta de marketing , para ativação de marcas.

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ATÉ CARRO

A Mercedes, fabricante do modelo Smart, usou a versatilidade e a comunicação das vending machines para fazer uma curiosa e divertida campanha de ativação da marca. No Japão, modelos do minicarro foram enlatados em máquinas automáticas distribuídas em estações de metrô para reforçar as características do compacto, que ocupa pouco espaço no trânsito e no estacionamento. Ao apertar o botão, o consumidor recebia panfletos com informações sobre o veículo.

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A estimativa da Associação Brasileira de Vendas Automáticas (ABVA) é de 80 mil máquinas instaladas em território nacional. A modalidade de venda chegou por aqui na década de 1990 e nos últimos anos ganhou novas aplicações de produtos e serviços, além das clássicas vendas de alimentos, bebidas frias e quentes. “O brasileiro adora inventar e faz as adaptações necessárias aos modelos de linha para ajustar ao perfil do negócio. Mas o segmento de não alimentos corresponde a 1% do parque instalado. O forte das vending machines são as cafeteiras expressas”, explica o presidente da ABVA, Pedro Zanella.

Conveniência é a chave do sucesso nesse ramo

Depois de viver a descomplicação do dia a dia pela internet, o consumidor quer levar as mesmas facilidades para o mundo físico.

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O segmento de Office Coffee Service (OCS) pode ser a porta de entrada no negócio de venda automática para quem quer empreender. O operador negocia a locação, instalação e fornecimento de insumos para as máquinas instaladas em grandes companhias, por exemplo.

A Amiste Café, de Londrina, é a primeira franquia brasileira desse tipo de operação. A franqueadora foi lançada em 2012 e consolidou a expansão da Pier Coffee, uma das pioneiras no serviço de locação de cafeteiras no interior do estado, em atividade desde 2001. A primeira franquia foi vendida para Curitiba, mas a empresa tem unidades próprias em Maringá, Campo Grande e Belo Horizonte. No ano passado, a rede atingiu faturamento de R$ 3,4 milhões e a ideia é crescer 30% em 2015.

A franqueadora dá todo o suporte para a compra de máquinas, manutenção dos equipamentos, controle de estoque, logística para abastecimento de insumos e prospecção de negócios. O investimento inicial de R$ 250 mil é escalonado. “O estoque mínimo para iniciar a atividade são 20 máquinas, além do showroom e a oficina, capital de giro e taxa de franquia, o que soma R$ 100 mil. O restante é aplicado conforme o ritmo de contrato de novos clientes, o que dilui o risco”, explica o diretor de expansão da Amiste, Eduardo Vicente. A empresa tem foco em municípios com mais de 200 mil habitantes.

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Equipamentos podem ser personalizados

O crescimento das vending machines no país pode ser mensurado pelo movimento em eventos especializados. Realizada há 13 anos, a Expovending , feira que reúne a cadeia do setor, deve crescer 20% em 2015 e chegar a 60 estandes com cem marcas de equipamentos, operadores e fornecedores de insumos e acessórios. “O mercado brasileiro ainda é muito pequeno e toda a tecnologia é importada. Mas é possível fazer qualquer configuração a partir dos equipamentos de linha”, diz o diretor da EPS Eventos, que realiza a feira, Carlos Augusto Mititelli.

Outra possibilidade é desenvolver a solução tecnológica personalizada para atender a um novo modelo de negócio. Flores, livros e até pizzas preparadas na hora fazem parte do cardápio de produtos disponíveis em vending machines. A personalização eleva o preço do equipamento, que tem custo a partir de R$ 30 mil, e isso pode ser um desafio extra para quem concebe um novo negócio com esse modelo de canal de vendas.

Entraves

As barreiras tecnológicas ainda passam pelas formas de pagamento. As máquinas mais novas já começam a chegar com uso de cartão de débito e crédito, mas o serviço pode falhar sem uma boa conexão de dados, outro gargalo no mercado nacional. “As taxas das administradoras também podem inviabilizar a venda em máquinas, que precisam ter preços competitivos. A emissão de nota fiscal é outro fator limitante por aqui”, explica Mititelli.

A segurança e a integridade dos equipamentos são questões de risco que pesam na atividade de vending machine no Brasil. Ataques às máquinas, roubo do estoque e do caixa e depredações restringem os pontos de instalação, o que tira parte da vantagem de apostar nas vendas automáticas.

A negociação para instalar uma máquina é feita a cada contrato, com aluguel de espaço ou porcentagem do faturamento. “São áreas de grande fluxo de pessoas, como aeroportos, metrôs, postos de gasolina. Se não há segurança, a atividade acaba limitada”, diz.