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Mesmo com a ajuda de R$ 8 bilhões dos governos Federal e do Estado de São Paulo, a crise econômica prejudicou o desempenho das montadoras em novembro, que viram as vendas de veículos caírem 25,7% em relação outubro e 25% em relação a novembro do ano passado. Produção e exportação também caíram e os pátios já acumulam mais de 300 mil veículos.

Com esse cenário, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) reduziu suas projeções para o ano após dois meses de recuo na atividade. Mesmo assim, para presidente da Anfavea, Jackson Schneider, 2008 ainda será o melhor ano da história para o setor no Brasil e, em 2009, as "perspectiva são boas". "Se as vendas se mantiverem em patamar igual ao de 2008 já será muito bom."

Segundo o executivo, a queda das vendas em novembro refletem fatores como a redução da oferta de crédito no mercado, o aumento dos juros e a maior cautela do consumidor, que segue adiando sua decisão de compra do carro zero quilômetro. Schneider citou ainda a falta de crédito para o segmento de carros usados, que também atrapalha a venda de carros novos. "Dificilmente o consumidor vai comprar um carro novo se não conseguir vender o seu usado", afirma.

As vendas de veículos novos no mercado interno somaram 177,8 mil unidades em novembro deste ano e, no acumulado do ano até o mês passado, o setor registrou uma expansão de 18,3% nas vendas, totalizando 2,63 milhões de unidades. O setor reduziu a projeção de crescimento das vendas no ano de alta de 24,2% para alta de 14,3%, com a expectativa de produzir 2,815 milhões de unidades.

A produção em novembro caiu 34,4% em relação a outubro, somando 164,9 mil unidades. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando foram produzidas 272,9 mil unidades, houve uma redução de 28,6%. No acumulado de janeiro a novembro, foram produzidos 3,11 milhões de veículos, o que representa um crescimento de 13% ante o mesmo intervalo de 2007. Para o ano, a Anfavea também reduziu a expectativa de produção de alta de 15% para 8,8% para um total de 3,240 milhões de unidades.

As exportações somaram US$ 1 bilhão em novembro, o que indica uma retração de 23,1% ante outubro e de 7,8% ante o mesmo mês do ano passado. No acumulado de 2008 até novembro, as vendas externas do setor somaram US$ 13 bilhões, com expansão de 6,1% ante igual período de 2007. As exportações em volume, por sua vez deverão cair 8,7% este ano, para 720 mil unidades. A previsão anterior era de queda de 1% (780 mil unidades). Em valores, a nova projeção é de alta de 1,5% para as exportações, para US$ 13,7 bilhões. A previsão inicial era de alta de 7,4% (US$ 14,5 bilhões).

As vendas de automóveis e comerciais leves novos modelo bicombustível (flex fuel) somaram 143.170 unidades em novembro deste ano, o que representa 86,1% do total comercializado no período. No acumulado dos primeiros 11 meses de 2008, as vendas de carros flex somaram 2,170 milhões de unidades, o que representa um aumento de 20,42% em relação ao comercializado no mesmo período do ano passado.

As vendas de máquinas agrícolas somaram 4,3 mil unidades em novembro, o que representa uma queda de 21,2% em relação a outubro e um crescimento de 16,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado dos primeiros 11 meses do ano, foram vendidas no mercado interno 50,8 mil máquinas agrícolas, volume 42,8% maior que o registrado em igual intervalo de 2007.

Estoques - Conforme o presidente da Anfavea, com a restrição de crédito, a participação das vendas financiadas no total comercializado pelo setor em novembro caiu para 54%, ante faixa história entre 65% e 70%, mantidos antes do agravamento da crise

Os veículos de entrada, como são chamados os carros de menor cilindrada, foram os mais afetados pela situação de falta de crédito. Segundo a Anfavea, o segmento respondeu por 46% das vendas totais, ante média de 51% mantida em meses anteriores.

Com a retração registrada no mês, o setor encerrou novembro com 305.660 veículos nos estoques, o que equivale a 56 dias de vendas. Em outubro, o volume era de 297.571 unidades, ou 38 dias de vendas.

Demissões - Schneider disse que a indústria tem evitado, ao máximo, fazer demissões. Para isso, utiliza instrumentos como a flexibilização da jornada de trabalho. Como exemplo, ele citou as férias coletivas, instrumento já negociado com o sindicato dos metalúrgicos.

Os números do setor apresentados hoje pela Anfavea mostram um pequeno recuo no número de empregados na indústria automobilística, de 0,4% em novembro em relação a outubro. No mês passado, o quadro era formado por 131.237 funcionários ante 131.717 em outubro. Entretanto, na comparação anual, houve um aumento de 9,6% no número de funcionários. Em novembro de 2007, o total de trabalhadores empregados somava 119.783.

Segundo Schneider, a expectativa da indústria é de que não haja aumento no número de demissões em dezembro. A indústria vai acompanhar o desempenho do setor em dezembro e janeiro. "A reativação das vendas é o que garantirá o emprego na indústria. Portanto, é importante o comportamento positivo da economia", afirmou. Ele lembrou que a indústria já passou por crises mais graves e conseguiu se recuperar.

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