Desgastado pelo conflito institucional no qual a Argentina está mergulhada desde a semana passada, o ministro de Economia, Amado Boudou, negou nesta quarta-feira (13) boatos de que poderia renunciar ao cargo. "Eu sempre coloco a cara e sempre conserto a bagunça", disse Boudou. A imprensa local veiculou informações sobre um suposto "descontentamento" por parte da presidente Cristina Kirchner e de seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), pela inabilidade de Boudou na situação que envolveu a exoneração de Martín Redrado da presidência do Banco Central e o convite a Mario Blejer para assumir o cargo.
O episódio agravou o debate sobre o decreto de criação do Fundo do Bicentenário, com reservas do BC para pagar dívida pública, provocando uma crise institucional e política, cuja temperatura não deixa de subir. Boudou aproveitou a entrevista à rádio Continental para reiterar os ataques contra Redrado. "Devolvemos a institucionalização ao Banco Central", disse o ministro. "O presidente do BC tinha todas as atribuições de administração, mas a partir das mudanças que fizemos na quinta e sexta-feira passadas, as decisões são tomadas de forma colegiada, pela diretoria", disse Boudou
A declaração do ministro demonstra que o governo continua desconsiderando a decisão da Justiça de suspender o decreto, que não só demitiu Redrado e nomeou seu substituto, como também mudou as normas do BC. Redrado foi exonerado por negar-se a transferir US$ 6,5 bilhões das reservas ao Fundo do Bicentenário. O ministro disse que Redrado se "parafusou na cadeira" da presidência do BC, "em uma situação incômoda, porque não pode haver um BC contrário à política econômica de um País e muito menos, que não cumpra a lei".
Boudou descarregou ainda sua bateria de críticas ao vice-presidente da República, Julio Cobos, que também é presidente do Senado. "Cobos é o chefe da oposição e está sempre armando manobras para travar o governo", acusou. Ele reiterou que não vai mudar o polêmico fundo para pagar a dívida e descartou a possibilidade de uma disparada do dólar. Por último, Boudou repetiu que o governo continuará com as negociações para realizar a troca da dívida em mãos dos credores que ficaram fora da reestruturação de 2005.
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