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Empregados do Google criam sindicato global
Objetivo da organização não é conduzir demandas trabalhistas mais tradicionais, como pleitos salariais, mas criar um contrapeso estrutural ao poder corporativo da big tech.| Foto: Kenzo Tribouillard/AFP

Empregados da Alphabet, empresa controladora do Google, anunciaram a criação de uma coalização de sindicatos. O grupo reúne treze grupos de trabalhadores da gigante tecnológica em dez países. O objetivo da organização não é conduzir demandas trabalhistas mais tradicionais, como pleitos salariais, mas "criar um contrapeso estrutural ao poder corporativo" da big tech, conforme declaração conjunta intitulada "Juntos mudaremos a Alphabet".

O movimento não é isolado. A Alpha Global surge após a formação do Alphabet Workers Union, um sindicato estabelecido por trabalhadores da companhia nos Estados Unidos – duas semanas após a criação, eram cerca de 700 os afiliados. A aliança diz que a empresa "há muito perdeu seu compromisso de manter sua missão original" e segue: "[O Google] é um lugar onde muitos trabalhadores vieram para mudar o mundo (para torná-lo mais democrático) apenas para descobrir que o Google suprimia o discurso e reprimia a organização dos trabalhadores enquanto consolidava seu poder monopolista".

A controladora do Google tem mais de 220 mil colaboradores no mundo, entre funcionários contratados e terceirizados, de acordo com informação do "The New York Times". A aliança global em questão envolve sindicatos da Alphabet organizados nos EUA e em nove países europeus (entre os quais Alemanha, Itália e Reino Unido) e surge vinculada à UNI Global Union, entidade que representa 20 milhões de trabalhadores pelo globo.

Em nota no site da UNI, a secretária-geral Christy Hoffman afirmou que "os problemas da Alphabet – e criados pela Alphabet – não se limitam a um país e devem ser enfrentados em nível global". Na avaliação da coalizão de sindicatos, a empresa é "uma grande incubadora de inovações", mas também "uma criadora de desigualdades, implicada em assédio sexual e opressão de minorias sexuais e pessoas de cor".

A articulação dos funcionários da big tech surge após diversos episódios de descontentamentos internos no Google. Em 2018, a companhia abandonou dois projetos conduzidos junto a governos após pressão dos funcionários – o Projeto Marven, com o Pentágono, que usava ferramentas de inteligência artificial para a criação de armas, e o Projeto Dragonfly, com a China, que colocaria no ar um mecanismo de busca censurado com base nos interesses do governo local.

A gigante também enfrenta acusações de espionar, censurar e demitir funcionários críticos em retaliação a protestos organizados por eles.

Alvo do descontentamento de parte da sua força de trabalho, o Google ainda enfrenta processos por práticas anticompetitivas para garantir o controle do mercado.

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