Donald Trump, presidente dos EUA| Foto: Nicholas Kamm/AFP

China e Estados Unidos estão mais perto do que nunca para pôr fim à guerra comercial entre os dois países, que já dura 18 meses. O anúncio foi feito pelo presidente Donald Trump e marca a primeira conquista tangível na disputa entre as duas maiores economias do globo.

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Falando no Salão Oval, durante uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, Trump disse que os negociadores chegaram a um acordo de "fase um substancial", embora os detalhes ainda necessitam ser colocados no papel. Como parte do acordo parcial, a Casa Branca concordou em não prosseguir com os planos de aumentar de 25% para 30% as tarifas de US$ 250 bilhões sobre os produtos chineses .

O acordo parcial, que envolve grandes compras chinesas de produtos agrícolas dos EUA e concessões tarifárias dos EUA, tem por objetivo pavimentar o caminho para uma negociação mais completa entre Washington e Pequim. Trump e o presidente chinês Xi Jinping podem se reunir para finalizar esse acordo no Chile, em uma cúpula de líderes da Ásia-Pacífico, em meados de novembro.

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"Os dois presidentes precisam ser donos do acordo", disse Craig Allen, presidente do Conselho de Negócios EUA-China.

As notícias de um possível acordo, depois de dois dias de negociações em Washington, animaram o mercado financeiro americano nesta sexta-feira. Mesmo antes de o presidente falar, o Dow Jones Industrial Average subiu mais de 480 pontos ou 1,8% em meio a indícios de que um acordo parcial era iminente. Mas a falta de especificidade no anúncio de Trump, e seu comentário de que o acordo parcial ainda pode levar semanas para ser resolvido, esfriaram parte desse otimismo.

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"Este acordo adia temporariamente qualquer nova escalada de tensões, mas não resolve nenhuma das principais fontes de atritos entre os dois países ou atenua a incerteza sobre o futuro das relações econômicas bilaterais", disse Eswar Prasad, ex-chefe da unidade chinesa do Fundo Monetário Internacional (FMI)

A prolongada disputa comercial entre EUA e China irritou os investidores, interrompeu as cadeias de suprimentos globais e caracterizou o uso mais agressivo de tarifas por um presidente americano desde a década de 1930. Trump diz que sua política "America First" foi projetada para beneficiar trabalhadores que sofreram décadas de globalização e impedir que a China suplante os EUA como a principal potência tecnológica do mundo.

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Questões mais difíceis a definir

O anúncio de sexta-feira deixa as questões mais difíceis entre EUA e China para futuras negociações, incluindo as demandas de Trump por mudanças estruturais de longo alcance na economia chinesa dirigida pelo estado. Robert Lighthizer, principal negociador comercial do presidente, quer que a China pare de forçar as empresas americanas a transferir tecnologia para empresas chinesas para obter acesso ao mercado chinês. As autoridades chinesas negam fazer isso e também estão resistindo às exigências dos EUA de reduzir os subsídios para empresas estatais que competem com empresas americanas.

Trump ainda não anunciou se vai estender uma licença para a empresa chinesa de telecomunicações Huawei continuar comprando peças americanas quando expirar em 18 de novembro.

Trump prometeu zerar o déficit persistente dos EUA em seu comércio com a China. No entanto, os EUA continuam a importar muito mais da China do que vendem para clientes chineses. O déficit no ano passado foi de US$ 419 bilhões, 21% a mais do que antes de Trump chegar à Casa Branca,

Os primeiros passos incluem um aumento nas compras agrícolas chinesas, São boas notícias para os agricultores americanos que perderam bilhões de dólares em vendas durante a guerra comercial. Recentemente, a China começou a intensificar os pedidos de produtos agrícolas dos EUA quando um acordo se aproximava. Mas as exportações de soja dos EUA para a China caíram de US$ 12,2 bilhões em 2018 para apenas US $ 3,1 bilhões no ano passado, de acordo com o US Census Bureau.

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