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Na véspera da decisão do Banco Central sobre a taxa de juros, uma nota do presidente do órgão, Alexandre Tombini, gerou surpresa e críticas no mercado, alterando as apostas sobre o rumo da política monetária na primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) em 2016.

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Logo depois de Tombini afirmar em nota que considerava “significativas” as novas projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) indicando piora no cenário econômico brasileiro, o mercado passou a prever um aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic, hoje de 14,25%, e não mais de 0,50. Alguns analistas, que classificaram a nota como “quebra da tradição” do BC de não se pronunciar nos dias de Copom, passaram a prever até a possibilidade de a taxa ficar inalterada.

Ao citar a previsão do FMI de recessão de 3,5% neste ano no Brasil, a nota de Tombini diz que “todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom são consideradas nas decisões do colegiado”.

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Nesta terça, o Planalto informou que não comentaria o relatório do FMI.

Reação

O documento gerou uma reação imediata do mercado, que não só mudou suas apostas sobre a decisão desta quarta (20) como levantou suspeitas de que o BC procurou um “pretexto” para adotar uma posição mais em linha com o Palácio do Planalto, que prefere manter os juros inalterados para evitar mais abatimento econômico.

O tom das críticas elevou-se com rumores de que o presidente do BC havia se reunido com a presidente Dilma na noite de segunda-feira. Analistas diziam que a nota do BC após a suposta reunião jogavam por terra todo o trabalho recente da instituição para recuperar sua credibilidade, abalada durante o primeiro mandato da petista. Tanto o Planalto como o BC negaram o encontro.

Segundo analistas, a nota de Tombini, um dia antes de o BC definir a nova taxa de juros, foi uma tentativa atrapalhada do órgão de corrigir as expectativas do mercado, que apontavam majoritariamente para um aumento de 0,50 ponto porcentual.

VALE O ESCRITO

Embora manifestações do BC sobre juros na véspera do Copom sejam raras, a instituição afirma que não violou nenhuma regra escrita e que agiu de maneira inédita diante de um fato também inédito: a drástica revisão das projeções de crescimento do país feita pelo FMI. A instituição defende que o mercado iria especular de qualquer maneira sobre a forma como o relatório poderia ser interpretado pelo BC. Por isso, Tombini decidiu se antecipar e publicar um posicionamento.

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