| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Em um ano no qual o dólar promete se comportar como uma montanha russa, por consequência de uma desaceleração da economia mundial e da complicada tramitação da reforma da previdência, a plataforma TransferHub surge para as empresas como uma solução oportuna na corrida por bons negócios. A spin in da corretora Dourada, com 50 anos de atuação no país, faz a estreia da economia colaborativa no mercado de câmbio, ao permitir que ofertas criadas eletronicamente por compradores e vendedores sejam casadas em tempo real. 

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Através de uma rede de comunicação eletrônica (ECN), empresas de todo o país podem criar ofertas de fechamento câmbio e negociar diretamente entre si, de forma segura, transparente e econômica. Isso porque boa parte dos custos cambiais surgem quando as instituições não têm o comprador e o vendedor operando ao mesmo tempo.

O sistema eletrônico permite que empresas importadoras e exportadoras tenham um custo cambial de cerca de um quinto daquilo que teriam numa transação envolvendo bancos e agentes tradicionais. É o que garante o diretor comercial da Dourada e fundador da TransferHub, Rafael Mellem. Em um futuro próximo, cerca de 12 meses, permitirá também que pessoas físicas façam remessas internacionais e tenham um décimo dos custos normalmente envolvidos nas transações bancárias tradicionais. 

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Os custos envolvidos em uma operação de câmbio podem variar muito de operador para operador. O problema maior, pontua Mellem, é que vários empresários nem sabem ao certo quanto estão gastando para fechar câmbio.

Diretor comercial da Dourada e fundador da TransferHub, Rafael Mellem. 

“O sistema de câmbio é muito atrasado e pouco transparente. Ao contratar uma taxa de um banco não entende-se ao certo o quanto realmente irá pagar ou receber, porque a taxa já está embutida ou é decrescida do valor creditado e não costuma ser divulgada. Com as funcionalidades que a plataforma oferece, os usuários não têm mais surpresas e sabem exatamente quanto vão pagar de spreads e tarifas”, diz o empresário. 

A TransferHub cobra uma taxa sobre o câmbio do dia no valor de R$ 0,005 por dólar, quando nos bancos não seria menos de 1%, comenta Mellem. Em uma simulação de exportação de US$ 50 mil, por exemplo, o spread cambial sai a um custo de R$ 250 na TransferHub, sem cobrança de tarifa de contrato, enquanto que em um banco o montante poderia ser de R$ 1 mil em média, com uma taxa de cerca de R$ 100 para concretização do negócio. 

“Um grande diferencial, que nos faz ser únicos no mercado, é que nossa cobrança é clara e muito mais econômica, visto que o cliente calcula a taxa real do câmbio do dia com a nossa taxa e o valor que deseja, tendo uma visão real do gasto, enquanto que da maneira tradicional costuma-se embutir as taxas sobre os valores informados de transação e o cliente paga muito mais.” 

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Os créditos da TransferHub são disponibilizados em um prazo de até dois dias, o mesmo período oferecido pelos bancos, com prazo do envio de swift, que é um código universal para identificação da transação, até as 16h do mesmo dia, duas horas antes do horário previsto pelas instituições financeiras. 

Serviço mais barato para as grandes empresas agora também disponível para PMEs

Fechar câmbio pela internet não é novidade, graças a um trabalho de mudança cultural iniciado pelos grandes bancos. O desafio, porém, é oferecer, mesmo em uma plataforma online ou via telefone com o operador, que clientes de pequeno e médio porte não tenham custos elevados de spreads e tarifas, já que a regra do mercado é cobrar mais caro nas operações menores. 

O custo operacional, esclarece Mellem, é diluído de acordo com o montante transacionado e as de menor valor são as que mais oneram a operação das instituições. O cenário ideal para os operadores de câmbio aconteceria se os clientes compradores e vendedores operassem todos ao mesmo instante e com quantias equivalentes. 

“Mas isso não acontece na prática, por isso o resultado é apurado ao longo do dia, na medida que são casadas as posições em moeda estrangeira. A TransferHub consegue reduzir drasticamente os custos nas duas pontas, uma vez que grande parte dos fechamentos de câmbio são sincronizados e casados através das ofertas de compra e venda criadas pelos clientes.” 

Mellem destaca entre os benefícios de fazer uma operação pelo TransferHub, além da negociação instantânea ao vivo, visão completa do livro de ofertas, streaming de preços em tempo real, ofertas com fechamento automático pela taxa alvo, dados de referência do mercado interbancário e simulador de economia com benchmark de mercado. 

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Presença do mercado corporativo 

Com o cliente de câmbio cada vez melhor informado e a entrada de novas plataformas online no mercado, a concorrência entre os operadores do setor é cada vez mais acirrada, consequentemente as margens de lucro nas operações reduzem gradativamente. O mercado de câmbio comercial e financeiro é amplamente dominado pelos grandes bancos, o que mostra um potencial de crescimento ainda pouco explorado pelas corretoras. 

Somadas, as corretoras representam em média 8% do número de contratos e 1% do volume total transacionado no Brasil. Em 2017, empresas e pessoas físicas juntas fecharam aproximadamente US$ 300 bilhões em câmbios de importações, exportações e transferências internacionais — dentro do limite das corretoras de US$ 100 mil por contrato. 

O tamanho desse mercado para as corretoras pode ser estimado ao projetar uma receita média com spreads de um centavo de real por dólar, que sem contar as receitas com tarifas, em 2017 teria gerado receitas ao redor de R$ 3 bilhões. 

Abertura ao mercado está marcada para o fim do mês 

A TransferHub foi lançada em outubro de 2018 e tem 40 usuários testando a ferramenta. São clientes da Dourada, basicamente empresas que fazem câmbio de remessas internacionais, principalmente importadores e exportadores de todo o país. A abertura do uso para o mercado está prevista para o fim do mês de março. 

A partir do início das operações, a projeção para os 12 meses seguintes é de um faturamento de R$ 4 milhões ao mês (R$ 48 milhões ao ano) e uma carteira ativa de 2 mil empresas por mês. Na fase inicial, a plataforma contava com a atuação de quatro pessoas. Hoje são 12 e esse número deve aumentar para 20 em 2019.

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