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Com forte atuação no Centro-Oeste do país, a varejista e atacadista de móveis e eletrodomésticos Móveis Gazin, sediada na pequena Douradina (Noroeste do Paraná), foi atingida em cheio pela crise do agronegócio. Para enfrentar o aumento da inadimplência dos clientes, a rede precisou fazer no ano passado uma série de cortes – de despesas, de investimentos e de pessoal. E quem fez o doloroso comunicado de que 10% dos funcionários seriam demitidos foi o próprio fundador e presidente da empresa, Mário Valério Gazin, em um vídeo que ele mesmo preparou.

O curioso é que, mesmo com as demissões, a Móveis Gazin, que acaba de completar 40 anos, manteve-se nos primeiros lugares das listas de melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Ao que parece, os funcionários entenderam a atitude de Mário Gazin – que não é de cerimônia, preza pela transparência e trata a todos como "filhos" – como algo que um pai foi obrigado a fazer para o próprio bem deles.

Apesar da crise, os principais incentivos oferecidos aos funcionários, como a universidade corporativa, permaneceram intocados. Também não mudaram as possibilidades de ascensão dentro da empresa. Muita gente lá dentro começou trabalhando na fábrica de colchões, passou ao almoxarifado e depois a funções administrativas – mesmo sem experiência, quem trabalha na Gazin é incentivado a aprender, e recompensado em caso de sucesso. Todos são estimulados a dar sugestões de melhorias para a empresa e, para isso, basta se dirigir ao próprio Mário Gazin, cuja mesa fica no mesmo salão onde trabalham dezenas de funcionários da administração, sem divisória ou privilégio.

São políticas de Recursos Humanos de fazer inveja a grandes empresas sediadas nas principais capitais do país – e que dão resultado. Segundo o anuário "Valor Carreira", 90% dos funcionários estão satisfeitos em seus cargos e a grande maioria (86%) pretende permanecer na empresa por pelo menos cinco anos.

Mas isso é apenas parte do mérito de Mário Gazin, já que seu espírito empreendedor também é digno de prêmio. Quando viu que metade da população estava deixando Douradina, nos anos 70, por conta do declínio da cultura do café, decidiu literalmente correr atrás dos clientes. Acompanhando o progresso do agronegócio nos rincões do Brasil, instalou uma rede que hoje fatura acima de R$ 500 milhões ao ano e tem mais de 120 lojas, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre. Em muitos desses lugares, a Gazin foi a primeira varejista a chegar, dando preferência à classe C e deixando que a concorrência se esfolasse nos grandes centros. (FJ)

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