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Um estudo da Unctad - Key Statistics and Trends in Trade Policy 2018 - mostra que em caso de continuação da guerra comercial entre China e Estados Unidos, o Brasil poderia ganhar mais US$ 10,5 bilhões em exportações adicionais. Os maiores ganhos (80%) seriam para o mercado americano e seriam mais compensadores do que os ganhos adicionais nas exportações de soja para a China. 

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 Os maiores ganhos no mercado americano, segundo a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), se devem às diferenças entre as listas americana e chinesa de produtos sobretaxados. A americana, formada por cerca de 800 produtos, principalmente industrializados, é formada por itens que o Brasil consegue ser competitivo no mercado americano, como máquinas e equipamentos, artigos plásticos, autopeças e químicos. 

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Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, no ano passado, as exportações para os Estados Unidos cresceram 7,08%, atingindo US$ 28,77 bilhões. Os principais itens negociados com a maior economia mundial são semimanufaturados de ferro ou aços, petróleo e aviões. E os que tiveram maior expansão nas vendas em 2018, comparativamente a 2017, foram os semimanufaturados de aço (+69,97%) e as partes de motores e turbinas para aviação (131,33%). 

Já a chinesa, diz Fabrízio Panzini, gerente de negociações internacionais da CNI, é formada em sua maior parte por produtos do agronegócio, itens em que o Brasil é competitivo. Mas a China já é um importante comprador brasileiro de produtos que estão nesta relação, como a soja e a carne. No ano passado, as exportações para a segunda maior economia mundial tiveram um crescimento de 35,2%. O total de negócios atingiu US$ 64,2 bilhões. 

Distorções 

 A guerra comercial vem provocando distorções em alguns mercados. O estudo citou como exemplo a elevação de alíquotas impostas pela China à soja americana. “Devido à importância destes dois mercados - a China é responsável por mais da metade das importações mundiais de soja e os Estados Unidos são o maior produtor -, as tarifas sobre a soja afetaram o mercado mundial da commodity”, destaca o estudo. 

 Segundo a Unctad, uma das consequências foi o favorecimento de outros exportadores, particularmente o Brasil que, repentinamente, tornou-se o maior fornecedor da oleaginosa para a segunda maior economia mundial. “Entretanto, nem todos estão felizes”, aponta o estudo. 

 Uma das preocupações dos produtores é que os preços mais elevados gerados pelas tarifas chinesas” possam minar a competitividade do produto brasileiro no longo prazo. Em um cenário em que a magnitude e a duração da guerra tarifária não é clara, eles estão relutantes em tomar decisões de investimentos que podem se tornar não rentáveis caso as tarifas sejam revogadas. 

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 Além disso, empresas brasileiras que operam em setores que usam a soja como matéria-prima perderiam competitividade devido aos altos preços gerados pelo aumento na demanda por soja brasileira por parte de compradores chineses. 

 Outra preocupação, segundo Panzini, é em relação à imprevisibilidade geral causada pelo conflito comercial entre as duas maiores economias mundiais. O presidente americano, Donald Trump, descartou uma reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, antes do dia 1º, quando vence a trégua de 90 dias na guerra comercial entre as duas potências. 

 Sem medo de retaliação 

 A Confederação Nacional da Indústria (CNI) não acredita que, se mantida a guerra comercial e as exportações brasileiras continuem a crescer para os EUA, haja algum tipo de retaliação americana, além das sobretaxas aplicadas ao aço. A principal justificativa, de acordo com a entidade empresarial, é que o Brasil não tem um superávit com o país. O déficit, no ano passado, foi de US$ 193,6 milhões. 

 É uma situação diferente da vivida por outros três países - a China, o México e a Coreia do Sul -, com os quais os Estados Unidos têm pesados déficits comerciais e com os quais Donald Trump, de uma forma ou outra, se indispôs. 

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 Segundo o Bureau of Economic Analysis (BEA) - órgão americano de estatísticas econômicas -, o saldo na balança comercial com os chineses foi negativo em US$ 275 bilhões nos três primeiros trimestres do ano passado. Com os mexicanos, o saldo negativo foi de US$ 57,2 bilhões e com os sul-coreanos, US$ 3,7 bilhões. “Os Estados Unidos têm claros os seus alvos”, afirma Panzini.