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Se as previsões das consultorias se confirmarem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se despedirá do poder com o pior saldo de balança comercial do seu governo.

A média das estimativas do mercado aponta para um superávit de US$ 12 bilhões em 2010, embora muitos apostem em US$ 5 bilhões e não descartem déficit.

Até agora, os resultados mais fracos da balança nos mandatos de Lula ocorreram em 2003, 2008 e 2009, com saldos próximos a US$ 25 bilhões. O superávit mais robusto foi atingido em 2005, com quase US$ 45 bilhões.

Em 2009, o impacto da crise global não foi tão expressivo no saldo comercial, porque, apesar do recuo das exportações, as importações brasileiras também caíram muito.

Apesar do cenário pessimista para 2010, o desempenho do governo petista no quesito superávit comercial é melhor que o do antecessor Fernando Henrique Cardoso, que amargou seis anos consecutivos de déficits desde 1995, provocados pelas diversas crises internacionais e pela paridade cambial com o dólar adotada no início do Plano Real para controlar a inflação.

A preocupação dos analistas é que um pequeno saldo na balança em 2010 agrave o déficit em transações correntes, que pode atingir 2% a 3% do PIB em 2010. Em 1999, no governo FHC, o déficit chegou a 4,2% do PIB. Os analistas acreditam que o resultado negativo do próximo ano será facilmente financiado pela forte entrada de investimento estrangeiro direto, já que o Brasil "é a bola da vez".

O governo não divulga uma previsão oficial para o saldo da balança comercial brasileira, mas o Banco Central (BC) estima que possa atingir US$ 15 bilhões em 2010. Para o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, o número do BC é "razoável", mas o superávit pode superar esse valor no ano que vem.

Economia forte

O principal motivo de redução do saldo comercial é positivo: o bom desempenho previsto para o PIB, que deve crescer entre 5% e 6%. Uma economia mais forte impulsiona a demanda por importações, principalmente de insumos e máquinas.

O economista-chefe da RC Consultores, Fábio Silveira, ressalta que, a partir do momento em que o país acelera o ritmo, as importações crescem acentuadamente, porque os fabricantes de bens intermediários não têm oferta suficiente para atender a demanda do País por insumos, principalmente nos setores siderúrgico, químico, máquinas e equipamentos elétricos e eletrônicos. "A velocidade de crescimento da importação é espantosa", disse.

A valorização do real também deve contribuir para o crescimento da importação, principalmente de bens de consumo, uma categoria com peso menos significativo nas compras externas totais do País.

Nas matérias-primas, o câmbio forte vai estimular a troca de fornecedores nacionais por estrangeiros. Mas os analistas avaliam que o impacto da demanda doméstica será mais decisivo que o câmbio para as importações.

Os especialistas em comércio exterior não descartam déficit no último ano do governo Lula. Para o departamento econômico do Bradesco, basta o PIB crescer mais que o esperado para que o sinal seja invertido.

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