O Banco Central (BC) pretende impor restrições mais severas para aprovar a compra da XP Investimentos pelo Itaú. Os sócios da plataforma de aplicações financeiras temem que, com o novo cenário, o banco desista do negócio.
A mudança de rumo na operação pelo BC foi revelada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pela reportagem.
Pessoas que acompanham as conversas afirmam que a ideia preferida do BC é permitir a entrada do Itaú na XP, mas impedir que o banco assuma o comando da companhia.
O negócio, que já foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) com ressalvas, prevê a compra de 49,9% da XP pelo Itaú em uma primeira etapa. O valor dessa transação é de R$ 5,7 bilhões.
Pelo acordo, em 2022, os sócios da XP terão a opção de vender suas ações para o banco. Se isso não ocorrer, depois será a vez do Itaú exercer o direito de compra dessas ações.
Para aprovar o negócio, o Cade determinou que a segunda etapa terá de ser novamente submetida ao tribunal.
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A compra da XP pelo Itaú é o primeiro caso em que Cade e BC atuam em conjunto. O BC, no entanto, tem uma interpretação diferente do Cade e mais alinhada com a dos conselheiros do Cade, Cristiane Alkmin e João Paulo de Resende, que viram na operação, tal como apresentada ao tribunal, riscos à independência da XP.
Outra opção em estudo no BC é travar a participação do Itaú na XP em 49,9%, exigindo que as partes cancelem os contratos de opção de compra e venda das ações remanescentes (controle).
Terceira alternativa
Existe ainda uma terceira alternativa. Revelada pela Folha de S.Paulo no final de abril, a proposta é proibir que o Itaú tenha representantes no conselho de administração da XP, mesmo adquirindo o controle.
No acordo com o Cade ficou acertado que o Itaú não poderá ter capacidade de decisão na XP até concretizar a compra do controle. Mas poderá indicar dois representantes no conselho de administração da XP, formado por sete integrantes.
A reportagem apurou que o BC acha que essa possibilidade não será suficiente para garantir a autonomia da XP.
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Criada em 2001 por Guilherme Benchimol e Marcelo Maisonnave, a XP se tornou a maior plataforma do país de investimentos com mais de 500 mil clientes e um a carteira de mais de R$ 120 bilhões sob custódia — passando gestoras e alguns bancos comerciais importantes no país.
Conquistou clientes atraídos por funcionar como um shopping de investimentos, com opções de diversos emissores. O resultado foram retornos acima da média do mercado. Pelos bancos tradicionais, os clientes ficam restritos a produtos do própria instituição com rendimentos nem sempre atrativos.
Procurados, Itaú e XP não quiseram comentar. O Banco Central disse, por meio de sua assessoria, que não comenta sobre instituições financeiras.
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