O ministro do Trabalho e o ministro do Planejamento divergem sobre a antecipação do reajuste do salário-mínimo para R$ 350 já em março. Enquanto o titular da pasta do Trabalho, Luiz Marinho, acredita que não será possível atender à reivindicação das centrais sindicais, Paulo Bernardo diz que é viável.
Após se reunir nesta quinta-feira com o relator do Orçamento, deputado Carlito Merss (PT-SC), com o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), e com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Marinho disse que refez os cálculos da proposta de R$ 350 e chegou à conclusão de que é difícil antecipar o novo valor de maio para março. Segundo o ministro, o novo mínimo vai causar um impacto de R$ 1,068 bilhão nas contas públicas a cada mês. Marinho disse também que é improvável fechar com as centrais sindicais uma correção de 10% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
- Desse jeito que foi formalizado pelas centrais, não é possível devido a um impacto superior a R$ 2 bilhões (referindo-se à soma dos meses de março e abril). O resultado caminha para um acordo. Checamos e refizemos os cálculos e vimos que dá mais de R$ 2 bilhões. Isso dificulta muito, mas vamos levar a proposta para o presidente da República.
Já o ministro do Planejamento diz que não está fora da realidade atender a reivindicação das centrais que combina aumento do mínimo para R$ 350 com antecipação do seu pagamento. Embora tenha ressaltado que ainda não foram feitos cálculos do impacto do novo mínimo na Previdência, Paulo Bernardo foi taxativo:
- É claro que é possível antecipar. Acho que é possível o aumento, mas não temos essa decisão ainda - disse o ministro.
O ministro concorda com o colega do Trabalho, no entanto, quando diz que qualquer decisão em relação ao novo valor do salário-mínimo - e quando ele começará a ser pago - caberá ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
- O que estou dizendo é que a informação veio de uma reunião dos ministros Luiz Marinho, Luiz Dulci e Nelson Machado com as centrais. O assunto ainda não foi levado ao presidente. Na hora que for levado, ele tomará a decisão. Temos que fazer as contas para levar ao presidente Lula o impacto da correção do mínimo para R$ 350. É uma decisão política do presidente, mas ele sempre toma a decisão política levando em conta os números. O custo no Orçamento, o que significa para a Previdência e, principalmente, um reajuste justo para o trabalhador - disse Paulo Bernardo.
Marinho lembrou que já houve uma redução de R$ 360 para R$ 350 na proposta encaminhada pelas centrais e que um acordo poderia surgir agora em relação à data da da entrada em vigor do novo valor e a correção.
- Este é um Orçamento bastante apertado. Na quinta-feira, o presidente Lula bate o martelo. Quem vai tomar a decisão é ele.
Em reunião na quarta-feira, o ministro do Trabalho e representantes de seis centrais sindicais não chegaram a um acordo e marcaram para a próxima quinta-feira, dia 19 de janeiro, uma nova rodada de negociações.
Inicialmente, as centrais queriam que o novo mínimo fosse de R$ 400, mas chegaram à reunião com a proposta de R$ 360 para abrir a negociação com o governo, que no Orçamento previa o aumento para R$ 321, mas informalmente já admitia um mínimo de R$ 340.
Como o governo não concordou em elevar o salário-mínimo dos R$ 300 atuais para R$ 360, os líderes sindicais apresentaram uma outra opção: que o mínimo ficasse em R$ 350, mas que o aumento fosse antecipado para o mês de março.
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