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Diante da crise dos controladores de tráfego aéreo que vem provocando atrasos e cancelamento de vôos, o governo decidiu alterar rotas da aviação comercial, convidar aposentados para reforçar o controle e abrir concurso para contratar novos profissionais.

As medidas foram anunciadas nesta terça-feira pelo ministro da Defesa, Waldir Pires, depois de uma reunião de emergência convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro atribuiu a crise ao "estado emocional" dos controladores, em decorrência do acidente com o avião da Gol que provocou 154 mortes em 29 de setembro.

"Esperamos que a situação nos aeroportos se normalize o mais rapidamente possível," disse o ministro, sem adiantar prazos. "O presidente quer que façamos o máximo para restaurar os vôos a serviço da população".

Com o remanejamento de rotas, o governo pretende desviar aviões da área sob controle do Cindacta I (Brasília), onde se concentra o movimento. Oito controladores que trabalhavam no dia do acidente foram afastados. Seis substitutos, de outras partes do país, estão em treinamento. O concurso público vai selecionar, ainda este ano, 64 novos controladores de vôo, civis e militares, segundo o ministro.

Os controladores, na sua maioria militares, adotaram uma "operação padrão" não declarada formalmente. Em reunião com o ministro Waldir Pires, um grupo de controladores queixou-se de tensões mas não apresentou reivindicações.

"Eu pedi a eles que dissessem o que queriam e eles responderam que estão vivendo momentos difíceis, sob tensão muito grande", relatou Pires.

Nesta terça-feira, os passageiros enfrentaram o quinto dia consecutivo de atrasos nos principais aeroportos brasileiros em decorrência da operação-padrão decretada pelos controladores de tráfego aéreo que trabalham no Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), em Brasília.

Após a colisão entre o jato Legacy e o Boeing 737-800 da Gol, em 29 de setembro, no Mato Grosso, onde morreram as 154 pessoas a bordo, a categoria decidiu que não trabalharia mais acima de sua capacidade. Por isso, os controladores resolveram na semana passada que respeitariam todos os procedimentos de vôo de aeronaves.

A operação-padrão foi uma reação da categoria à suspeita de que a conduta de um funcionário do Cindacta 1 teria contribuído para o acidente. Na segunda-feira, o governo federal tentou encontrar soluções rápidas para o problema, mas não conseguiu.

Mesmo admitindo que os militares ``não estão executando todas as tarefas rotineiras'', o ministro da Defesa recusou-se a qualificar este comportamento como motim ou insubordinação. ''É um problema psicológico, decorrente da tragédia'', afirmou Pires. ``Espero deles uma reflexão e a compreensão sobre o que está ocorrendo''. Participaram da reunião com Lula, além de Waldir Pires, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o comandante da Força Aérea, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, e dirigentes da Infraero e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

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