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ONU

Brasil não avança no ranking de desenvolvimento humano

País fica em 63º lugar na lista de desenvolvimento humano entre 177 países, mas há avanço econômico

A desaceleração econômica provocada pela alta do dólar, da inflação e dos juros no período pré-eleitoral e no primeiro ano do governo Lula fizeram com que o país ficasse estagnado em termos de denvolvimento social em 2003: naquele ano, o Brasil ficou em 63º lugar numa lista de 177 países pesquisados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas. A posição do país no ranking divulgado pela ONU é a mesma de 2002, por causa do ano ruim de crise e perda de renda. Em termos numéricos, no entanto, o indicador brasileiro subiu de 0,790 no relatório passado, relativo a 2002, para 0,792 este ano, que considerou as informações de 2003.

Em 2003, o IDH do Brasil continuou abaixo do índice médio de 0,797 da América Latina e Caribe. A média mundial é de 0,741. O relatório deste ano trouxe novidades, pois houve uma revisão metodológica no ranking divulgado em 2004. Com isso, o Brasil, que em 2002 estava em 72º lugar, foi para a 63ª posição (o IDH de 2002 subiu de 0,775 para 0,790).

Apesar dos números nada bons em 2003, os dados mostram que o Brasil deverá atingir, nos próximos anos, o nível de países de alto desenvolvimento humano, com o IDH entre 0,800 e 1,000. Em 2003 (ano de forte aperto econômico em que o IDH ficou em 0,792), o crescimento do PIB foi de tímidos 0,5%, com forte alta dos juros e queda da renda. Já em 2004, a economia avançou 4,9% e o rendimento médio cresceu. Este ano, apesar dos juros altos, a economia deve crescer 3,5%, a inflação está em baixa e a renda dos assalariados, em alta.

O relatório da ONU de 2003 mostrou melhora de expectativa de vida, que passou de 70,2 anos para 70,5 anos, e de taxa de matrícula nas escolas, que subiu de 90% para 91%, mas a desigualdade social mereceu 14 citações no relatório. No Brasil, em 2003, os 10% mais ricos ficaram com 46,9% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres conseguiram apenas 0,7% (houve pequena melhora neste quesito: em 2002, os 10% mais pobres consumiam 0,5% da renda). A diferença entre riscos e pobres põe o Brasil entre os cinco mais desiguais. Mas o Índice de Gini, medida que calcula a distribuição de renda e, quanto mais perto de zero, menos desigual é o país, ficou em 0,59. Esse número é o oitavo pior entre as 103 nações em desenvolvimento.

O país - que aparece no 63º lugar entre 177 países acompanhados pelo relatório - cairia para 115ª posição, a mesma da República da Moldávia, se fossem considerados apenas os 20% mais pobres, mesmo mantendo os indicadores médios de educação e saúde da população.

O principal autor do texto do relatório, Kevin Watkins, destaca:

"Quem questiona a importância da distribuição de renda deveria refletir sobre o fato de que os 10% mais pobres do Brasil são mais pobres do que os seus equivalentes no Vietnã".

Os indicadores de saúde infantil também mostram o tamanho da desigualdade. Entre os 20% mais pobres, 16,8% das crianças até 5 anos de idade estão abaixo do peso. Esse percentual cai para 2% entre os 20% mais ricos.

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