| Foto: Gilson Abreu/ANPr

Em meio às discussões sobre a reforma da Previdência, aprovada definitivamente no Senado na última semana, as novas contribuições em previdência privada em agosto somaram R$ 11,5 bilhões, valor 23,4% maior que o do mesmo período de 2018.

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Mas, se para quem já era investidor desse sistema, a preocupação com as mudanças nas regras pode ter incentivado mais aportes, para quem ainda não contava com planos do tipo o apetite cresceu em proporção menor. O número de clientes chegou a 13,3 milhões, um crescimento de 2,2% em relação a agosto de 2018. Os dados são da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), que representa 67 seguradoras e entidades abertas de previdência complementar.

Os planos que lideraram os novos depósitos foram os do tipo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), indicados para quem faz a declaração do Imposto de Renda de maneira simplificada. Eles representaram 93% dos aportes realizados no período. O restante optou pelo Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), indicado para clientes de renda mais alta, que fazem a declaração completa do IR. A principal diferença entre esses dois planos é que o PGBL permite ao investidor abater, no imposto de renda, suas contribuições, até o limite de 12% de sua renda bruta anual.

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Estímulo às aplicações em previdência privada

Para o presidente da FenaPrevi, Jorge Nasser, além de a discussão da reforma da Previdência ter estimulado o brasileiro a pensar no futuro e na aposentadoria, a maior variedade de produtos dentro da previdência privada também estimulou o aumento dos aportes. "Com a queda dos juros, oferecemos, para quem ingressa ou já tem produtos, a possibilidade de fundos com uma porcentagem maior em renda variável. Esse movimento já tem uns quatro anos. Em 2016, os fundos multimercado representavam 5,7% desse mercado. Hoje, são cerca de 12%."

Para Nasser, essa possibilidade de diversificação atraiu novos aportes e também fez clientes migrarem recursos investidos em outros produtos para os fundos de previdência. Esse movimento, porém, também pode revelar uma questão comportamental.

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Michel Viriato, professor do Insper, avalia que, para o investidor que já era cliente da previdência privada, migrar os recursos para esse produto foi a opção que pareceu mais adequada ao objetivo de ter renda na velhice.

"Segundo o prêmio Nobel de Economia Richard Thaler, as pessoas dividem seus investimentos em caixinhas. Na caixinha da velhice, com as mudanças da Previdência Social em pauta, esse produto foi a primeira opção." Ele explica ainda que, apesar de não ser a única opção de guardar dinheiro para ter renda no futuro, esse pode ser um investimento educativo. "Quando depende de você tomar a atitude de aplicar, a primeira reação é não se mover por isso. Se você já tem um plano com aportes periódicos, não é preciso nenhum movimento. A atitude seria interromper os aportes."

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Novos clientes

A entrada mais acelerada de novos clientes, porém, depende da recuperação econômica. "É um mercado pró-cíclico, cresce quando a economia cresce. Ainda temos 42% dos adultos declarando-se endividados", diz o presidente da FenaPrevi.

Para Raphael Swierczynski, CEO da Ciclic, startup que tem como acionista a BB Seguros, a busca por informações ligadas à previdência privada cresceu expressivamente no decorrer de 2019, mas ainda não se converteu em novos clientes. "Há expectativa de que o mercado vai experimentar novos patamares de contratantes nos próximos meses."

Preste atenção

  • A Previdência privada é um investimento de médio e longo prazos. Por isso, é importante que o cliente defina seu objetivo final, para escolher o melhor produto. Ele pode optar, por exemplo, entre converter seus investimentos em uma renda futura ou juntar seu montante para decidir depois o que fazer. É possível também ter um plano no nome de um menor ou ainda usá-lo como planejamento de herança
  • Definir prazos é importante para escolher a tributação. O regime progressivo de tributação parte da alíquota de zero a 27 5%, e aumenta no decorrer do tempo. Já o regime regressivo parte de uma valor maior, 35%, mas diminui com os anos e, após o décimo ano, fica abaixo de 10%. Logo, quanto mais tempo o dinheiro for ficar investido, mais o sistema regressivo pode ser interessante.
  • Para quem faz a declaração do IR na versão completa, compensa optar pelo plano PGBL, que tem benefício fiscal, mas desconta o imposto sobre o montante investido. Para quem faz a declaração simples, o mais indicado é o VGBL, que tira o IR apenas dos rendimentos.