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César Zambon ao lado da matriarca da família, Fabiola: empreendimento uniu os cinco filhos e estimulou tino para negócios na família. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
César Zambon ao lado da matriarca da família, Fabiola: empreendimento uniu os cinco filhos e estimulou tino para negócios na família.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Quando nevou em Curitiba, em 1975, a família Zambon passou mais frio do que gostaria. Estava morando no sótão da casa em Santa Felicidade porque o térreo passava por obras para virar uma pizzaria. Era a ideia que a matriarca Wahben Fabiola Zambon teve para unir os cinco filhos em torno de um negócio que poderia sustentar a família, aproveitando o movimento incipiente nos restaurantes da região.

A pizzaria não chegou a ser um grande sucesso, mas foi o embrião de um dos pontos mais tradicionais do bairro de colonização italiana – ao transformar a pizzaria em um restaurante dançante, os Zambon fizeram do Toscana um ponto de encontro de pés de valsa curitibanos. O empreendimento trouxe novidades como a primeira pista de luzes e o piano bar, e ganhou notoriedade nos anos 80 com shows concorridos. Passaram pelo palco da casa nomes como Jair Rodrigues, Cauby Peixoto e Peninha.

Fabiola, hoje com 86 anos, ainda mora em uma casa atrás do restaurante, que ao longo das últimas quatro décadas avançou sobre os lugares onde ela antigamente cultivava suas plantas. As paredes de madeira da pizzaria de 1975 deram espaço para um ambiente que hoje pode receber 850 pessoas em dois andares.

O Toscana surgiu em uma época em que a noite curitibana tinha poucas opções além dos extintos Roda D’água e La Ronde. A freguesia era fiel, do tipo que fazia amizade com os proprietários e que admirava o estilo familiar do negócio. “Aqui não entrava qualquer um. Só casais. Homem sozinho não entrava”, ressalta Fabiola.

Negócios

Ao envolver os cinco filhos no dia a dia da Toscana, Fabiola Zambon deu início a uma onda empreendedora. Nos últimos 30 anos cada um seguiu seu rumo ao investir em restaurantes (o Espaço Maggiore Barigui e o Michelangelo), dois bingos (Royal Palace Bingo e Ventura Bingo), e várias casas noturnas, como Coração Melão, Forum, Bavarium, Jockey e Victoria Villa.

A tradição continua até hoje: as noites dançantes, embaladas pela banda da casa (que tem a mesma formação há 20 anos), são reservadas aos casais. “Mantivemos o estilo familiar desde a inauguração. Acho que é uma característica que nos ajudou a ficar no mercado”, afirma César Zambon, o filho que hoje toca o negócio.

Chegada

Embora seja moradora antiga de Santa Felicidade, Fabiola tem uma história bastante diferente de outros pioneiros do bairro. Ela nasceu na Palestina e se casou com um italiano de espírito aventureiro chamado Líbero Zambon. No início dos anos 50, já com dois filhos, ele se encantou com a propaganda que se fazia a respeito da imigração para o Brasil e decidiu vir sozinho para o país em 1954. No ano seguinte, trouxe o resto da família para viver no Rio de Janeiro.

Pouco mais de dez anos depois de chegar ao Rio, os Zambon decidiram se mudar para um lugar mais calmo. Pesou na escolha uma viagem que Fabiola fez a Curitiba algum tempo antes para se tratar de um problema de saúde. “Fiquei em Santa Felicidade e achei que era melhor do que no Rio”, conta Fabiola.

A ideia de abrir a pizzaria veio alguns anos depois. “Meu marido viajava muito e eu estava em casa com cinco filhos, os mais velhos já com idade para trabalhar”, lembra. O Toscana foi aberto ao público em outubro de 1975. Um ano mais tarde, Líbero sofreu um infarto e morreu. Fabiola assumiu a missão de fazer o negócio dar certo, cuidando das compras e do funcionamento da casa.

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