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Em apenas três dias, o valor da TAM "encolheu" e a companhia aérea já vale aproximadamente R$ 1,735 bilhão a menos no mercado de ações. Nos três pregões da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) após o acidente do vôo JJ 3054, que causou a morte de cerca de 200 pessoas, os papéis da companhia tiveram desvalorização de 17%.

Somados os valores de todas as ações, cada uma caiu de R$ 66,50, no dia 17 de julho, para R$ 54,81, no dia 20. Considerados esses valores, multiplicados pelo número de acionistas da companhia, o valor de mercado da TAM diminuiu de R$ 9,985 bilhões para R$ 8,250 bilhões, segundo a Corretora Socopa.

Procurada pelo G1, a TAM informou que por enquanto não se pronunciaria sobre o assunto.

TAM x Gol

A pressa em vender ações da companhia diante de episódios trágicos é uma atitude comum e esperada no mercado acionário, mas não obrigatória. Na época do acidente com o Boeing 737-800 da Gol, que deixou 154 mortos no ano passado, o caso foi diferente: os papéis da companhia sofreram menos impacto e reagiram mais rapidamente ao desastre.

No dia 2 de outubro, o primeiro de negócios depois da queda do Boeing, as ações caíram apenas 1,85%; no dia seguinte, já subiram 1,88%.

Para um analista da Socopa, a diferença entre os dois casos é a expectativa sobre a rapidez com que os problemas seriam resolvidos em cada um dos episódios. "No caso da Gol, as ações voltaram rapidamente ao normal porque as pessoas associaram a culpa ao Cindacta, ou aos pilotos do Legacy, mas não culparam a companhia. Nesse caso da TAM, a solução parece mais difícil", diz.

Segundo ele, embora liderasse há até pouco tempo a lista das melhores recomendações para investimento entre as aéreas pela corretora, os papéis da TAM já vinham sofrendo o "baque" da crise aérea nos últimos meses. Acumulam queda de 13,7% no ano e vinham sendo vendidos abaixo do preço ideal estimado pelos consultores da Socopa. "Quando a gente viu a situação nos aeroportos nos últimos feriados resolvemos tirá-la da recomendação de compra porque achamos que a crise poderia afetar o balanço das empresas", diz. Segundo ele, a previsão da corretora é de que o setor aéreo fique esquecido pelos investidores por um tempo.

Seguro mais caro

A tragédia deve ter impacto também no preço do seguro dos aviões. Segundo especialistas, um rebaixamento da classificação do Brasil na Icao, organização internacional de aviação civil ligada à ONU, poderia aumentar o preço das apólices em até 10%.

"Geralmente as apólices das companhias costumam ter cobertura de US$ 1,5 bilhão por ocorrência para pagar todos os danos, sejam materiais ou pessoais. Estamos apreensivos", diz o especialista da Universidade Federal Fluminense, Gustavo Cunha Mello.

Atualmente, o Brasil está no melhor nível de classificação da Icao. A avaliação, no entanto, pode mudar, já que depois que as autoridades brasileiras concluírem as investigações sobre o vôo JJ 3054, um relatório deverá ser encaminhado à organização. Se o Brasil fosse rebaixado, o seguro ficaria mais caro justamente porque as empresas estrangeiras exigiriam um valor maior para assumir esse risco.

De acordo com o último balanço divulgado pela TAM, a cobertura de seguro da companhia garante uma indenização de até US$ 1,5 bilhão: a seguradora contratada é o Unibanco AIG.

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