Ouça este conteúdo
O novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz Maciel (PDT), empossado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (2), teve ao menos um encontro com representantes da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), instituição responsável pela maior retenção de valores dos pensionistas, no esquema revelado pela operação Sem Desconto. Na época, julho de 2023, Wolney era secretário-executivo da pasta. A informação é do site Poder 360.
Segundo relatório da CGU (Controladoria Geral da União), que detalha desvios de R$ 6,5 bilhões de aposentadorias em descontos indevidos dos aposentados para associações e sindicatos, a Contag foi a que mais teve encontros com representantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A entidade esteve presente em 13 das 15 reuniões mapeadas pelos órgãos de governo. Foram 8 encontros em 2023, 5 em 2024 e 2 em 2025.
Wolney, que substituiu Carlos Lupi após o desgaste com o escândalo da operação, foi criticado pelos oposicionistas por representar a continuidade de uma gestão associada às irregularidades.
Lupi, Wellington Dias — ministro do Desenvolvimento Social — e o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, também demitido após a operação, participaram de 8 desses encontros com as entidades investigadas.
A Gazeta do Povo procurou as assessorias do Ministério da Previdência e da Contag, sem retorno.
VEJA TAMBÉM:
Sindicato dirigido por irmão de Lula se reuniram com Stefanutto
O Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), que também é investigado por fraudes, tem como diretor e vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Lula. Representantes da entidade estiveram na sede do INSS, em Brasília, em 21 de julho de 2023 para uma reunião com Alessandro Stefanutto, à época presidente da instituição.
Segundo relatório da CGU sobre os desvios, 97,6% dos aposentados e pensionistas do INSS tiveram descontos diretos não autorizados em seus benefícios. O órgão entrevistou 1.273 beneficiários de abril a julho de 2024 em todos os Estados do país. Do total, 96% disseram não participar de nenhuma associação.
O relatório aborda o período entre 2019 e 2024. Segundo a CGU, os desvios mais do que triplicaram em 2024 em relação a 2022, passando de R$ 706,2 milhões para R$ 2,8 bilhões.
Também aumentaram os pedidos para cancelar os descontos realizados pelos canais de atendimento do INSS a partir de julho de 2023, fruto das denúncias feitas via imprensa. A Gazeta do Povo registrou casos de leitores que reclamaram dos descontos não autorizados.
Confira as organizações suspeitas de descontos indevidos de aposentados e pensionistas
- AAPB, Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil;
- Aapen, Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional, anteriormente denominada de ABSP (Associação Brasileira dos Servidores Públicos);
- AAPPS Universo, Universo Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social;
- ABCB/Amar Brasil, clube de benefícios;
- Ambec, Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos;<br>Apdap Prev, Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas;
- CAAP, Caixa de Assistência de Aposentados e Pensionistas do INSS;
- Conafer, Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil;
- Contag, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura;
- Sindnapi, Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical;
- Unaspub, União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos.
VEJA TAMBÉM: