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Universidade não é lugar só para jovens, mas também para a turma dos cinquentões para cima. Em 2017, 73.048 alunos com 50 anos ou mais ingressaram no primeiro ano do ensino superior no país, dos quais, 62% optaram pelo ensino a distância, modalidade que tem despertado interesse dos estudantes nos últimos anos.

O levantamento é do Quero Bolsa, plataforma na internet para inclusão de estudantes no ensino superior. A empresa se baseou no Censo de Educação Superior 2017, realizado anualmente pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão ligado ao Ministério da Educação, e divulgado recentemente.

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De 2010 a 2017, o número de alunos com 50 anos ou mais que entraram em faculdades cresceu 73,6%. Se observadas as modalidades de ensino, o a distância registrou alta de 162% entre este público no período, contra 9,82% do presencial.

Desde 2014, ano em que o governo federal reduziu a oferta de vagas no Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante), tem caído o número de alunos nessa faixa etária em cursos presenciais. Dos 73.048 universitários acima de 50 anos inscritos no primeiro ano no ano passado, 37,5% representaram essa modalidade.

Mais flexível

Para Marcelo Lima, diretor de relações institucionais do Quero Bolsa, o ensino a distância, realizado pela internet, tem despertado o interesse do público acima de 50 anos por vários motivos, entre os quais, a flexibilidade do tempo e o preço mais baixo. “O aluno pode escolher o melhor horário para estudar em sua casa, além do que, em média, o valor cai 65% no valor da mensalidade”, afirma Lima.

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Afrânio Mendes Catani, professor da Faculdade de Educação da USP, diz que, a rigor, não é favorável ao ensino a distância. “Se for como primeira graduação, então, acho condenável”, afirma. Mas, para os estudantes acima de 50 anos, pode ser uma opção aceitável. “Nos casos daqueles que já têm outras graduações ou mesmo visam uma aposentadoria com valor mensal melhor. Até por satisfação pessoal.”

O MEC afirmou que apoia a educação a distância e diz que a ideia é democratizá-la. Disse que ela é inclusiva e propicia a inserção de tecnologia e novas ferramentas de aprendizagem.

Sonho de juventude

O fim de ano será para lá de especial para Jucineide Farias da Cruz, 54 anos, moradora no Jardim Helena, na zona leste de São Paulo. Após décadas de luta, realizará finalmente o sonho da conquista do diploma em pedagogia.

Nascida em Tucano, distante 252 km de Salvador (BA), a ex-funcionária do Mappin, entre outros empregos, concluirá a graduação presencial na Universidade Cruzeiro do Sul em São Miguel Paulista, zona leste da capital paulista.

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Seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) será sobre dificuldades de aprendizagem. Mãe de quatro filhos, entre 18 e 26 anos, ela conciliou trabalho e estudo, incluindo um estágio obrigatório em escola municipal, ao longo dos últimos três anos.

“Sempre tive uma vida difícil financeiramente, com pais de origem humilde”, diz Jucineide, ao contar que, aos 19 anos, se viu obrigada a trancar o curso de economia, ainda no segundo semestre.

Mais velha da turma de pedagogia, Jucineide já tem planos futuros. “Quero dar aulas para crianças de educação infantil”, afirma a futura pedagoga, que acaba de ter a notícia que será avó em junho de 2019.

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