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Os Bordini não têm dificuldade em fazer amigos. O tamanho da família é um dos impulsos. Na foto, o cão Niko e sete dos oito irmãos: a partir da esquerda, Maria Teresa (17 anos), João Vítor (15), Maria Isabel (25), José Eduardo (19), Ana Luísa (23) e, abaixo, os gêmeos Gabriel e Miguel (13) | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Os Bordini não têm dificuldade em fazer amigos. O tamanho da família é um dos impulsos. Na foto, o cão Niko e sete dos oito irmãos: a partir da esquerda, Maria Teresa (17 anos), João Vítor (15), Maria Isabel (25), José Eduardo (19), Ana Luísa (23) e, abaixo, os gêmeos Gabriel e Miguel (13)| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Evolução

Saiba como são as relações de amizade em cada faixa etária:

Até os 3 anos

As crianças ainda estão muito centradas nelas mesmas. Podem até brincar no mesmo espaço físico, lado a lado, mas raramente interagem.

Dos 4 aos 6 anos

Para muitas crianças é o momento em que entram na escola. O novo ambiente com outras crianças da mesma idade contribui para que ela passe a dar importância aos grupos. Começam a surgir preferências, dividem-se entre meninos e meninas e já começam a pedir para visitar determinado amigo.

Dos 6 aos 9 anos

Passa a fazer amigos de modo mais intencional para não ficar isolado entre os colegas de sala de aula, por exemplo. Podem crescer os conflitos entre amigos e os pais precisam se preocupar mais com as brigas.

Pré-adolescência

Pertencer a um grupo fica cada vez mais importante e chega ao ápice na adolescência. Comportamentos de autoafirmação tornam-se mais frequentes e passa-se a aceitar, inclusive, amizades consideradas inconvenientes pelos pais. Favorecer a autonomia é importante, mas a orientação firme e respeitosa fará toda a diferença para atravessar as turbulências da adolescência.

O que você faz?

Como você estimula seu filho a fazer novos amigos? Como você acompanha os relacionamentos dele?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

Os oito filhos do engenheiro Luís Mário Bordini, 55 anos, e da dentista Eliane Bordini, 47 anos, nunca tiveram dificuldades para fazer novas amizades. O extenso círculo de amigos dos pais e a família numerosa são apontados pela mãe como motivos para uma sociabilidade bem desenvolvida. Mesmo assim, ela não abre mão de alguns hábitos cordiais que não deixam de servir como boa estratégia para impulsionar novas relações e conhecer quem se aproxima dos filhos. "Moramos perto da escola e sempre convidamos os colegas deles para almoçarem com a gente", conta.

A experiência de Eliane é confirmada pela opinião de especialistas quando afirmam que é possível aprender a fazer amigos, mesmo quando a criança desenvolve uma personalidade mais introspectiva. "Meus caçulas são gêmeos, um mais quieto, o outro mais extrovertido, mas ambos têm muitos amigos. Só que se aproximam de pessoas diferentes", diz Eliane, sobre Miguel e Gabriel, 13 anos.

Para a psicó­­loga e diretora da Escola Mananciais, Lélia Cristina Bueno de Melo, os pais podem fazer muito pelo desenvolvimento de uma sociabilidade sadia dos filhos. "Muitas vezes as crianças não fazem amigos porque os pais têm uma vida social pobre." Segundo Lélia, os pais contribuem muito quando promovem a inserção dos filhos em meios sociais adequados, sobretudo com outras crianças de sua faixa etária.

Um modo simples de promover essa inserção seriam visitas regulares dos pais a amigos que também têm filhos. "Criar oportunidades de encontro com outras crianças ajuda muito àquelas que têm dificuldades para criar vínculos", afirma a psicóloga.

Afinidade

O pesquisador e doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Malheiro define a amizade como um tipo de afinidade entre duas pessoas que nasce da admiração mútua e do sacrifício desinteressado pelo outro. A partir desse conceito, ele recomenda que os pais incentivem os filhos a essas duas formas de agir. "É preciso ensinar a admirar e a sacrificar-se pelos outros, notando a generosidade, a gentileza, e oferecendo-se para ajudar na lição de casa, por exemplo."

Malheiro propõe inclusive que os pais ajudem os filhos não apenas a formarem os primeiros vínculos de amizade, mas que criem oportunidades para que exercitem sempre a chance de conhecer novas pessoas. Ele sugere que os pais aproveitem as férias para visitar novos lugares, onde haja outras crianças e os filhos possam fazer amigos novos.

Timidez em excesso traz sofrimento

Quando os pais notam que o filho está desenvolvendo uma personalidade mais tímida, devem procurar identificar o grau dessa timidez. Em muitos casos, trata-se apenas de uma característica pessoal que não chega a atrapalhar seriamente o convívio em grupos. Há, no entanto, níveis de timidez desenvolvidos na infância que podem trazer muitos prejuízos sociais à pessoa durante toda a sua vida.

Para o doutor em Edu­­ca­­ção João Malheiro, a timi­­dez que acompanha a criança desde o nascimento – inata – sempre exigirá mais esforço em encontros sociais, mas é superável. A timidez ocasional, que parece criar obstáculos em determinadas situações, como falar em público, presidir uma reunião ou cantar, também não deve trazer grandes preocupações.

Atenção

Malheiro chama de timidez doentia aquela que geralmente é fruto de uma força de vontade deficiente, causada tanto pelo autoritarismo como pela ausência de limites. "É uma deficiência da vontade que não foi educada para enfrentar medos e inseguranças." Esse grau mais avançado de timidez pode trazer grandes sofrimentos à criança, que quase sempre sofre em silêncio. A psicóloga Lélia Cristina Bueno de Melo alerta que, como a vida impõe muita interação social, uma dificuldade extremada em aproximar-se de outras pessoas pode chegar à fobia social.

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