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Tirar uma quantia razoável de dinheiro do bolso para cursar Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR) já era algo esperado pelo acadêmico e professor de Matemática, Wilson Dimartini Júnior, 26 anos. Mas ele e a família não tinham idéia é que orçamento iria passar um pouco do previsto. "Mesmo economizando estou gastando bastante", diz. A diferença está no alto custo dos livros indicados pelos professores. "É diferente do curso de Matemática, que fiz anteriormente, onde muita coisa conseguíamos na Biblioteca, sem muito prejuízo".

Dimartini Júnior veio do município de Colorado, no Norte do estado, e está no sétimo de 12 semestres necessários para a conclusão do curso de Medicina. Em uma estimativa, até a metade do curso já foram R$ 21 mil, sem contar as despesas com livros caros e equipamentos básicos para aprender o exercício da sua futura profissão. Gastando cerca de R$500 por mês, o estudante vai chegar a desembolsar R$ 36 mil para conseguir o tão sonhado diploma de Medicina. A soma inclui gastos com um quarto na Casa do Estudante Universitário, transporte coletivo e alimentação de segunda a sábado no Restaurante Universitário da UFPR. O acadêmico de Medicina é bancado pelos pais, que incluíram as despesas do filho em seus orçamentos. Ainda assim, o estudante consegue conciliar uma rotina diária de 8 horas de estudos com um emprego. À noite ele dá aulas de matemática num colégio estadual em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. O salário que recebe, de R$ 515 por mês, está sendo poupado para garantir a sua especialização. "Eu sei que vou gastar muito e por isso prefiro fazer esta reserva", disse.

A realidade de Dimartini Júnior é apenas um exemplo de que ingressar em um curso superior da UFPR não significa estar livre de gastos. Apesar de ser uma instituição pública e gratuita, é notório que o futuro calouro vai ter de arcar com custos de material, o que inclui aquisição de livros, fotocópias e equipamentos específicos para o exercício de determinada profissão. Em Medicina, por exemplo, o acadêmico vai gastar em média R$ 4 mil apenas com a aquisição de um kit básico (contendo estetoscópio, oftalmoscópio, lanterna, ortoscópio, pinças, tesoura e mais 7 instrumentos cirúrgicos), segundo prevê o diretor do setor de Ciências da Saúde, o médico e professor universitário Rogério Mulinari.

Os gastos totais, incluindo material didático e equipamentos, chegam a R$ 40 mil, o que torna o curso de Medicina – além os de Arquitetura e Urbanismo e Odontologia – um dos mais caros, segundo um levantamento feito pela reportagem da Gazeta do Povo junto a acadêmicos e coordenadores de nove cursos de graduação da UFPR. Além do alto valor dos livros, a conta fica salgada por causa dos investimentos em material. No curso de Arquitetura e Urbanismo os gastos mensais com cópias, plotagens, projetos e maquetes chega a R$ 350. Já nos cursos da área de Ciências Humanas e Sociais muitos dos livros solicitados são encontrados em bibliotecas. É isso que faz com gasto com material didático no curso de Matemática, por exemplo, fique em R$ 1,5 mil, o mais barato do ranking.

Planejar o custeio da vida acadêmica é imprescindível para evitar frustrações e até mesmo a desistência do curso, na opinião do professor universitário e economista José Pio Martins. "Esse planejamento deve ser feito pelos pais, quando o filho ainda estiver no ensino médio", diz.

Revelando já a sua vocação para o curso de Ciências Econômicas, o acadêmico Tiago dos Santos Trevisan, 20 anos, começou a poupar cedo. Desde os 15 anos, todo o dinheiro que recebia realizando pequenos serviços no município de Francisco Beltrão, no Sudoeste do estado, ele guardava para a faculdade. "Eu já sabia o que queria e hoje não preciso me preocupar tanto com dinheiro", disse. Ele mora na Casa do Estudante Universitário e gasta por mês cerca de R$500, incluindo despesas com moradia, alimentação e transporte.

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