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A imagem mostra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, em sessão na Câmara nesta quarta-feira.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, em sessão na Câmara nesta quarta-feira. Foto: Luis Macedo | Câmara dos Deputados.| Foto:

Em sessão que durou mais de seis horas na Câmara dos Deputados, o ministro Abraham Weintraub defendeu a necessidade do bloqueio de 5% do orçamento do Ministério da Educação (R$ 7,4 bilhões de R$ 149 bilhões) até "entrar dinheiro no caixa", ouviu desaforos de deputados, e colocou a culpa da situação econômica atual à "gestão petista", dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff.

"A evolução que a educação teve nos últimos anos no Brasil não tem nada a ver com o atual governo. Porque não foi evolução, foi involução", disse. "Nós não somos responsáveis pelo contingenciamento atual, o orçamento atual foi feito pelo governo eleito de Dilma Rousseff e [Michel] Temer, que era vice. Não somos responsáveis pelo desastre da educação, não votamos neles".

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VÍDEO: Assista à sessão com o ministro da Educação na Câmara dos Deputados

Os momentos de maior confusão da sessão, que começou às 15 horas, foram quando o ministro perguntou aos deputados se "eles sabem o que é carteira de trabalho", quando respondeu sobre a suposta fala de que comunistas merecem "tomar bala na cabeça" e foi chamado de "debochado" e "incompetente".

"Queria dizer que eu fui bancário, trabalhei muito. Carteira assinada, a azulzinha, não sei se vocês conhecem", afirmou durante discurso nesta quarta-feira (15).  A declaração levou os presentes a gritarem "demissão, demissão", obrigando o deputado Marcos Pereira (PRB-SP), que presidia o ato, a conter um início de confusão.

Em resposta à deputada Jandira Feghali (PCdoB), que o questionou sobre supostas declarações de que comunistas merecem "tomar bala na cabeça", Weintraub disse não ter "ódio no coração" e disse odiar "o pecado e não o pecador".

Dizendo ser alvo de "agressões fúteis e superficiais", o ministro retrucou: "Quanto à bala na cabeça, que a deputada Jandira falou, eu não tenho passagem na polícia, eu não tenho processo trabalhista, nunca tive, minha ficha é limpíssima". "Bala na cabeça quem prega não é esse lado aqui", emendou. "Não é no grito e com mentira que se resolve", continuou.

"Manobra contábil quem fez foi a Dilma"

“Quem caiu em função de manobra contábil foi a senhora Dilma Rousseff, que eu saiba”, disse Weintraub, ao ser questionado sobre as metas e uma possível "manobra contábil" para prejudicar as instituições de ensino.

Para o "alívio dos reitores", preocupados de como conseguirão funcionar após o contingenciamento, o ministro disse que "uma parte do dinheiro que foi roubado da Petrobrás está voltando", e o valor poderá ser direcionado às instituições.

Embora já houvesse confirmado presença em audiência na Comissão de Educação, deputados aprovaram, na terça-feira (14), uma convocação ao ministro, que passou de convidado a intimado a falar para o Plenário. Na semana que vem, ele falará à Comissão.

Telefonema de Bolsonaro

Na sessão na Câmara, Weintraub foi questionado sobre o que de fato aconteceu nesta terça-feira, 14, em uma conversa telefônica entre ele e Jair Bolsonaro, presenciada por um grupo de parlamentares que entenderam que o presidente havia determinado o fim dos cortes na Educação.

"Eu presenciei o presidente Bolsonaro ligar para o ministro, Major Vitor Hugo (PSL-GO) estava lá e viu também", disse no plenário o deputado Capitão Wagner (PROS-CE). "Não vou entrar no detalhe se foi corte ou contingenciamento, foi uma determinação do presidente. Eu escutei a determinação", disse o parlamentar.

Ao responder os questionamentos, Weintraub confirmou que houve a ligação. "Capitão Wagner, os senhores escutaram o presidente falando comigo, mas não me escutaram. Eu falei para o presidente 'não há corte, há contingenciamento'", disse ele. "Estava na explicação. Foi um mal-entendido, não foi uma mentira, o que aconteceu foi que não deu pra escutar a minha versão", afirmou. Em relação a outra pergunta feita por parlamentares, Weintraub respondeu que já leu o educador e pedagogo Paulo Freire, mas que "não gostou".

"Pior ministro da Educação"

O deputado Orlando Silva (PCB), autor da convocação ao ministro, disse que Weintraub "desqualifica e reduz o papel da universidade brasileira". Ele ainda questionou o "por que do ódio à cultura, ao conhecimento, e a ignorância que toma conta do governo".

Silva afirmou que o "ministro precisa aprender a ser tolerante com a universidade", citando uma declaração que considerou "estapafúrdia", na qual Weintraub questiona por que polícias não podem entrar" nas instituições quando há necessidade.

O representante do MEC manteve o tom e disse que as instituições não podem continuar como "torres de marfim" e que precisam conversar mais com a sociedade. "É autonomia, não soberania", lembrou.

Paulo Pimenta, deputado do PT, disse que Weintraub "tem vergonha e envergonha o Brasil", além de disputar o "título de pior ministro da educação" da história.

A fala do ministro começou com a apresentação que já havia feito ao Senado, com detalhes sobre metas do PNE (Plano Nacional de Educação).

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