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Para Paulo Neiva de Lima, os critérios técnicos não devem ser os únicos a guiar a escolha de um estudante. | Henry Milleo / Gazeta do Povo
Para Paulo Neiva de Lima, os critérios técnicos não devem ser os únicos a guiar a escolha de um estudante.| Foto: Henry Milleo / Gazeta do Povo

Critérios pessoais devem ser considerados

Embora tenha se formado em uma das instituições mais renomadas do país, o doutor em Ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) Paulo Neiva de Lima diz que os critérios técnicos não devem ser os únicos a guiar a escolha de um estudante. Para ele, é preciso haver empatia entre os valores pessoais e aqueles propostos pela instituição. "Pensar na graduação unicamente como meio de formar profissionais tecnicamente competentes é uma visão bastante pobre do homem e da universidade", diz. Ele propõe aos indecisos que façam uma tabela com os itens que considerem mais importantes, tanto do ponto de vista técnico como pessoal, e atribuam pesos a cada item. "A somatória dará a prioridade que deverá seguir", sugere Lima.

"O renome da instituição de ensino é levado em consideração sim, funcionando, muitas vezes, como o primeiro filtro [em seleções de emprego]."

Samir Bazzi, coordenador do Núcleo de Empregabilidade e Empreendedorismo da FAE Centro Universitário.

Diploma influencia na contratação

Embora alguns critérios sejam universais no julgamento da qualidade do ensino superior, quem pensa na formação universitária apenas como um caminho para o mercado de trabalho precisa levar em conta as práticas de cada setor. Há áreas em que a experiência profissional é muito mais relevante do que o nome da instituição que formou o candidato, mas, no caso de jovens profissionais, os graduados em instituições conceituadas ainda levam vantagem.

De acordo com analistas da área de recrutamento e seleção, isso ocorre porque grandes empresas tendem a contratar universitários ou recém-formados principalmente por meio de seus programas de estágio ou trainee, que tendem a privilegiar alunos vindos de grandes universidades.

"Alunos que vêm de instituições não reconhecidas correm o risco de perder a oportunidade de estágio em multinacionais e recebem bolsas-auxílio menores", diz Eliane Catalano, coordenadora de seleção da Nossa RH. Segundo ela, Engenharia e Administração são algumas das áreas mais exigentes quanto à formação acadêmica dos candidatos.

Rejeição velada

Segundo o coordenador do Núcleo de Empregabilidade e Empreendedorismo (NEP) da FAE Centro Universitário, Samir Bazzi, a rejeição do mercado aos candidatos formados por instituições menores quase sempre é velada, mas aos profissionais do ramo, sua existência é evidente. "Muitas empresas não deixam isso transparecer tão claramente, não reconhecendo que esta prática seja oficial dentro dos processos seletivos, mas o renome da instituição de ensino é levado em consideração sim, funcionando, muitas vezes, como o primeiro filtro." (JDL)

Nas últimas semanas, uma série de notícias envolvendo problemas em faculdades levantou dúvidas sobre o que garante a qualidade no ensino superior. Embora o bom senso seja o suficiente para manter distância de faculdades não reconhecidas oficialmente, até mesmo instituições tradicionais – públicas ou privadas – podem passar por crises que comprometem a formação acadêmica. Isso dificulta a vida de quem está em busca de um bom lugar para estudar. Para identificar a situação atual de cada universidade e curso, analistas recomendam atenção a sinais de solidez institucional e a busca por informações nos lugares certos.

Recentemente, tornaram-se públicos problemas em duas antigas instituições de ensino da capital. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o curso de Jornalismo continua com o vestibular suspenso pelo Ministério da Educação (MEC), mesmo após a visita de avaliadores do governo federal, sob a alegação de que o curso "não atende aos critérios estabelecidos pelo ministério". Já as Faculdades Integradas Espírita demitiram todos os professores e ainda tentam transferir os alunos para outras instituições. No Rio de Janeiro, a Universidade Gama Filho e a UniverCidade foram descredenciadas pelo MEC devido à "precarização de oferta da educação superior".

Finanças

Para o consultor em Educação Marcos Meier, que já dirigiu instituições privadas de ensino superior, as faculdades particulares têm a qualidade comprometida quando se tornam dependentes demais das mensalidades, a ponto de diminuir o rigor nas avaliações para não perder alunos. "Essas instituições sabem que, se exigirem demais dos alunos, eles vão embora. Então, elas têm de escolher entre manter a qualidade do curso ou segurar um aluno que paga mensalidade."

O educador aponta a infraestrutura como bom sinal de solidez, já que a manutenção de uma faculdade de alto nível exige muito investimento em bibliotecas, laboratórios e equipamentos específicos para cada curso. Se a instituição consegue manter e atualizar tudo isso, quer dizer que está financeiramente saudável, o que a torna menos propensa a atrair e segurar alunos a qualquer custo.

Professores

Outro aspecto fundamental em uma investigação sobre qualidade acadêmica é o corpo docente. Doutores são os pesquisadores por excelência, portanto, em geral, é sempre mais vantajoso ao estudante ter aulas com um professor cuja titulação é de doutorado, ou, ao menos, mestrado. No entanto, para o professor Paulo Neiva de Lima, doutor em Ciências pelo Instituto de Tecnologia Aeroespacial (ITA), a produção acadêmica dos docentes é ainda mais importante do que a titulação por si só.

"Eu recomendo que acessem o currículo Lattes de alguns professores e procurem pela quantidade de orientandos e de publicações, assim como os grupos de pesquisa disponíveis daquela instituição", diz Lima.

Em busca de dados

Procurado pela reportagem, o Ministério da Educação sugeriu alguns passos essenciais para quem busca uma instituição de ensino superior confiável para cursar uma graduação. Parte das informações podem ser obtidas no sistema do e-MEC (http://emec.mec.gov.br). Acompanhe:

1. Verificar se o curso está formalmente autorizado pelo MEC.

2. Consultar o Conceito Preliminar de Curso (CPC). Em uma escala de 1 a 5, os níveis 3, 4, 5 indicam condições de qualidade.

3. Cobrar o coordenador sobre o processo de reconhecimento do curso junto ao MEC. O reconhecimento de um curso só é possível após a formatura da primeira turma.

4. Verificar qual foi o último ato regulatório do curso desejado. É nesse quesito que podem aparecer as suspensões de curso, por exemplo.

5. Para verificar a qualidade da instituição, o MEC recomenda a consulta ao Índice Geral de Cursos (IGC). Em uma escala de 1 a 5, os níveis 3, 4, 5 indicam condições de qualidade.

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